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O diálogo da poderosa central sindical argentina CGT com o governo da presidente Cristina Kirchner está "suspenso", mas não foi rompido, disse na quinta-feira (22) o dirigente sindical Hugo Moyano, que descartou a convocação imediata de uma greve geral.

Moyano, que controla sindicatos ligados aos transportes e portos, foi tradicionalmente um sólido aliado de Cristina e do seu antecessor e marido, o falecido Néstor Kirchner, mas na semana passada surpreendeu o governo peronista com uma dura reivindicação salarial.

Questionado por jornalistas estrangeiros sobre se o diálogo com o governo havia sido rompido, Moyano respondeu: "Rompido não, suspenso".

Cristina, que acaba de iniciar seu segundo mandato, tem privilegiado alianças com empresários e jovens esquerdistas críticos do peronismo tradicional, ligado aos sindicatos, e do qual Moyano é um grande expoente.

"Não há nenhuma conversa, nada que se tenha falado de uma possível medida de força. Por enquanto está descartado, espero que não ocorra... Desejo fervorosamente que não ocorra", disse o sindicalista.

Temido por sua capacidade de mobilização à frente do sindicato de caminhoneiros, Moyano reiterou suas reivindicações ao governo e disse que não crê nas estatísticas oficiais sobre o custo de vida, assegurando que, como em anos anteriores, as negociações salariais deverão ser guiadas pela "inflação do supermercado".

Em novembro, o governo disse que a taxa anualizada de inflação estava em 10 por cento, mas economistas privados estimam que a taxa ficou em torno de 25 por cento. A suposta manipulação dos índices inflacionários acaba afetando outros dados oficiais, como os de pobreza (subestimados) e crescimento econômico (superestimados).

Moyano não indicou qual percentual de aumento salarial irá pleitear. Um dos seus colaboradores na CGT disse que, além da inflação, será levado em conta também o nível de atividade em cada setor.

Sindicalistas contrários ao governo elogiaram Moyano por suas recentes críticas, mas ele disse na quinta-feira que não pretende se tornar uma voz da oposição. "Não fazemos (as reivindicações) com a intenção de ser nem mais nem menos do que somos", disse, taxativamente.

"Sempre temos essa atitude de reclamar permanentemente e de saber que as reclamações não são (sempre) satisfeitas. É normal que seja assim", acrescentou. "Só me ajoelho diante de Deus."

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