Bolivianos entram em greve e protestam contra repressão indígena| Foto: AFP PHOTO/Aizar Raldes

O principal sindicato operário da Bolívia iniciou nesta quarta-feira uma greve geral de 24 horas em uma ação que ameaça paralisar grande parte do território boliviano. Em ao menos sete dos nove departamentos do país houve passeatas, bloqueios, greves ou vigílias realizadas por integrantes de sindicatos afiliados à Central Operária Boliviana (COB). Estudantes e ativistas de organizações ambientais também aderiram aos protestos em repúdio à violenta ação policial em uma marcha indígena no último domingo.

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A COB, que integra uma abrangente lista de setores políticos e sociais que se opuseram à ação do governo Evo Morales, exige que os responsáveis sejam punidos. Os indígenas protestam há mais de 40 dias contra a construção da estrada de 300 quilômetros que uniria as cidade de Villa Tunari e San Ignacio de Moxos.

Caravanas vindas de El Alto, Sucre e Oruro começam a chegar a La Paz. Manifestantes caminharam na capital até a praça Pedro Domingo Murillo, onde está localizado o Palácio Queimado, sede do governo boliviano. A polícia reprimiu um grupo que tentou pichar a fachada do prédio.

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O terminal de ônibus de La Paz fechou suas portas, mas os sindicatos de transportes, partidários de Morales, decidiram trabalhar normalmente.

O ministro da Presidência, Carlos Romero, qualificou como política qualquer mobilização social em torno do Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS), uma vez que o governo já suspendeu a construção da estrada:

"Não há mais qualquer circunstância que justifique novas mobilizações. Quem o fizer, já o estará fazendo por uma decisão política."

O presidente da Confederação dos Povos Indígenas da Bolívia, Pedro Vare, disse, no entanto, que os protestos seguirão até que se encontrem todos os manifestantes desaparecidos na mobilização de domingo: "Nossa marcha é pela anulação da via e não pela suspensão temporária."

O departamento de Beni foi tomado desde o início da manhã piquetes e bloqueios que interromperam o trânsito. Apenas hospitais abriram suas portas, e voos domésticos e internacionais foram cancelados no aeroporto Jorge Henrich.

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Na comunidade de Blancaflor, em Pando, cerca de mil indígenas bloquearam a estrada que segue para a cidade de Cobija.

Em Sucre, centenas de universitários marcharam pela praça 25 de Maio, onde um grupo iniciou uma greve de fome em protesto contra as medidas do governo. Assim como em Oruro, uma caravana seguiu da cidade em direção a La Paz para se somar às mobilizações contra o governo.

Em Tarija, estudantes da Universidade Juan Misael protestaram no centro da capital. Em Cochabamba, alunos da Universidade Maior de San Simón e ativistas de ONGs de proteção ao meio ambiente fizeram uma vigília na praça central e no campus universitário.