Os sindicatos franceses, em meio a manifestações de massa e índices de popularidade cada vez mais baixos do governo, intensificaram nesta quarta-feira sua campanha para que o presidente do país, Jacques Chirac, desista da lei sobre um novo contrato de trabalho para jovens.
À medida que aumentam os temores sobre o impacto da disputa na segunda maior economia da União Européia, sindicalistas disseram que o governo da França, atualmente controlado pelos conservadores, deve até a próxima segunda-feira rechaçar a lei, sob pena de testemunhar novos protestos e greves, disseram integrantes dos sindicatos.
Os sindicatos se reúnem com deputados conservadores nesta quarta-feira, depois de o primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin, ter detonado uma onda de insatisfação popular com a nova lei.
Os deputados ofereceram concessões a respeito do Contrato do Primeiro Emprego (CPE), mas não chegaram a falar em descartá-lo por completo.
- Queremos apenas uma coisa: o cancelamento do CPE - disse ao canal de TV LCI René Valladon, do Force Ouvrière, após um encontro realizado em Paris entre os doze maiores sindicatos do país.
O dirigente sindical afirmou que o governo tem até 15 de abril para revogar a lei.
Esta manobra deve enfraquecer ainda mais Villepin, que conseguiu ver a medida aprovada rapidamente pelo Parlamento.
Apesar de a maior parte das passeatas pelo país terem acontecido de forma pacífica na terça-feira, 383 pessoas foram detidas em conflitos ocorridos em Paris. Também houve detenções na cidade de Rennes, depois de jovens terem atirado pedras contra policiais.
O gabinete de Chirac divulgou um comunicado no qual o presidente pediu aos estudantes que regressassem às aulas. Mas protestos voltaram a ocorrer em partes da França nesta quarta-feira.
Centenas de estudantes ergueram bloqueios de rua em grandes vias de acesso das cidades de Poitiers e Rennes, provocando engarrafamentos de vários quilômetros.
Cerca de 600 manifestantes impediram que um mercado de Nantes recebesse produtos. Um porta-voz dos estudantes disse que o objetivo da ação era "bloquear a economia e fazer o governo agir".
Popularidade em queda
O jornal de economia "Les Echos" deu voz à crescente preocupação dos empresários com o fato de Chirac e Villepin terem administrado mal uma crise que começa a afetar as companhias francesas.
"Ninguém olha com entusiasmo para os doze longos meses que nos separam da próxima eleição presidencial", escreveu o diário, acrescentado que a "forma bizarra" com que o governo atuou incentivou os manifestantes a agir.
A manchete do diário "Le Parisien" foi mais direta: "Para que serve Villepin?". O premier defende o CPE, que facilita a demissão de trabalhadores com menos de 26 anos, como uma forma de combater as altas taxas de desemprego entre os jovens franceses, atualmente em cerca de 22%.
Mas pessoas contrárias à medida afirmam que o CPE, que prevê um período de experiência de dois anos no qual o funcionário pode ser demitido sem justa causa, aumentará a insegurança dos empregados.
Com medo de perder seu premier um ano antes das eleições presidenciais, Chirac mobilizou seu carisma em apoio a Villepin.
Mas os índices de popularidade do premier caíram 20 pontos em dois meses e estão agora em 28%, prejudicando seus planos de concorrer à Presidência francesa em 2007.
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