A Índia deve reformular suas agências de inteligência para lidar com a nova ameaça dos militantes internos. A declaração foi feita nesta quarta-feira (17) pelo primeiro-ministro Manmohan Singh, em um raro reconhecimento de que indianos - e não grupos islâmicos estrangeiros - podem ser responsáveis pelos recentes atentados.
A Índia geralmente culpa grupos militantes sediados no Paquistão ou em Bangladesh pelas dezenas de ataques ocorridos no país nos últimos três anos. Mas cada vez mais crescem as evidências do envolvimento de muçulmanos indianos, levando questões difíceis para o governo sobre o crescente descontentamento entre a minoria muçulmana.
Singh falou pela primeira vez desde uma série de atentados matar 21 pessoas e ferir mais de 100 outras em Nova Délhi, no sábado. "O papel dos grupos terroristas sediados no Paquistão não pode ser minimizado, mas o envolvimento de elementos locais nas recentes explosões acrescenta uma nova dimensão à ameaça terrorista", afirmou Singh em um encontro com governadores, em Nova Délhi.
Segundo o primeiro-ministro, os recentes ataques mostram algumas falhas do serviço de inteligência local. Singh não tratou das razões que levariam aos ataques.
Os muçulmanos são 14% da população indiana, de 1,1 bilhão de pessoas. Eles estão atrás da maioria hindu em quase todos os indicadores sociais, da renda familiar até a escolaridade.
Os ataques de Nova Délhi foram reivindicados por um grupo auto-intitulado Mujahedin da Índia. A entidade também afirmou ter sido o responsável por um ataque em maio em Jaipur, oeste do país, que matou 61 pessoas, e por explosões em julho em Gujarat, também no oeste, que mataram pelo menos 45.
O grupo era até então desconhecido. A polícia acredita que pode tratar-se de uma nova frente do Movimento de Estudantes Islâmicos da Índia, banido em 2001. As informações são da Associated Press.
