A Síria irá realizar eleições presidenciais em 3 de junho, anunciou ontem o regime em uma transmissão da televisão estatal. Ainda que não tenha anunciado sua candidatura oficialmente, é esperado que o ditador Bashar al-Assad vença as eleições e garanta assim um terceiro mandato, a despeito da insurgência contra seu regime. Para a ONU, a convocação representa um obstáculo para as negociações de paz.A advertência veio do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e do mediador internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi. "Os dois avisaram várias vezes que a realização de eleições nas atuais circunstâncias, com um conflito em curso e deslocamentos maciços, prejudicará o processo político e dificultará as perspectivas de uma solução política", declarou à imprensa o porta-voz de Ban, Stephane Dujarric.
Ele ressaltou que as eleições são "incompatíveis com a Convenção de Genebra", que dão base às conversas de paz entre governo e oposição. "Em todo caso, continuaremos buscando e trabalhando com qualquer possibilidade de solucionar a tragédia na Síria", acrescentou.
A crise síria, iniciada em março de 2011, já deixou mais de 150 mil mortos, além de 9 milhões de deslocados. Em Damasco, os aliados de Assad apostam em seu nome como uma garantia de estabilidade diante do caos instalado no país.
O anúncio foi feito pelo líder parlamentar Muhammad al-Laham e transmitido pela televisão estatal. Ele ocorreu pouco após morteiros terem atingido a região do Parlamento sírio. O disparo foi anunciado por rebeldes como um aviso de que o regime não está seguro. Cinco pessoas foram mortas.
Candidatos podem se registrar para concorrer à Presidência de hoje até 1.º de maio. As eleições eram esperadas para essa época, já que a lei síria estabelece a realização do pleito antes do fim do atual mandato de sete anos de Assad, em 17 de julho.
Ataque
Os Estados Unidos estão buscando informações sobre se produtos químicos tóxicos foram utilizados em áreas da Síria controladas por forças rebeldes que querem a saída do presidente Bashar al-Assad. O departamento de Estado norte-americano disse ontem que há a possibilidade de cloro ter sido utilizado, embora não haja confirmação.