A Síria, derrotada por Israel em três guerras e temerosa de que seu arqui-inimigo tivesse obtido armas nucleares, começou a construir um programa secreto de armas químicas há pelo menos três décadas, com a ajuda de vizinhos, aliados e de atacadistas europeus de produtos químicos.
Damasco não tinha tecnologia e capacidade científica para estabelecer um programa próprio, mas, com o apoio de aliados estrangeiros, acumulou o que seria um dos mais letais arsenais mundiais de gases nervosos, segundo especialistas militares ocidentais.
"A Síria dependeu fortemente da ajuda externa no começo do seu programa de armas químicas, mas o entendimento agora é de que eles têm capacidade doméstica de produção de armas químicas", disse Amy Smithson, do Centro James Martin para os Estudos da Não-Proliferação, em Washington, e especialista em armas químicas, nucleares e biológicas.
Desde o começo da guerra civil síria, há dois anos e meio, já houve várias denúncias sobre o uso de armas químicas, sendo a mais grave delas na semana passada, quando a oposição acusou o governo de ter matado centenas de civis durante a noite em um ataque com gás sarin ou similar contra subúrbios de Damasco dominados por rebeldes.
O ministro sírio da Informação, Omran Zoabi, disse que as acusações são "ilógicas e fabricadas".
Inspetores da ONU em Damasco fazem nesta quarta-feira sua segunda visita investigativa aos subúrbios supostamente atacados. Mesmo antes da conclusão do inquérito, no entanto, os EUA e seus aliados se preparam para uma possível ação militar que puna o presidente Bashar al-Assad.
Armas não convencionais já foram usadas anteriormente no Oriente Médio. Na década de 1980, o ditador iraquiano Saddam Hussein costumava empregar gás mostarda e outros agentes nervosos contra opositores, o que incluiu um ataque que matou 5.000 curdos em 1988.
O Irã, aliado da Síria, é acusado pelo Ocidente de tentar desenvolver armas nucleares, apesar de insistir no caráter pacífico das suas atividades. Já Israel é amplamente visto como dono do único arsenal nuclear do Oriente Médio - algo que o país não confirma nem desmente.
A Síria é um dos sete países que não aderiram à Convenção de Armas Químicas, de 1997, que obriga seus participantes a destruírem seus arsenais. Em julho de 2012, Damasco admitiu pela primeira vez que possuía esse tipo de arma.
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