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Na Síria, desafio democrata a Bush

Numa nova queda-de-braço entre o presidente George W. Bush e o Congresso americano, a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, desembarcou nesta terça-feira na Síria.

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A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, disse nesta quarta-feira durante visita a Damasco que o presidente sírio, Bashar al-Assad, disse-lhe estar disposto a negociar a paz com Israel.

Mas o governo israelense reagiu imediatamente salientando suas pré-condições para tal processo. Pelosi é a principal autoridade americana a visitar a Síria em mais de dois anos.

O presidente George W. Bush disse que a visita de sua adversária Pelosi passará "sinais confusos" a Damasco, e um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca qualificou a viagem de "contraproducente".

"Ficamos contentes com as garantias que recebemos do presidente [Assad] de que ele está pronto para retomar o processo de paz. Ele estava pronto para se engajar em negociações de paz com Israel", disse Pelosi.

"A reunião com o presidente nos permitiu comunicar uma mensagem do primeiro-ministro [Ehud] Olmert de que Israel está pronto a se engajar em conversações de paz também", afirmou ela a jornalistas em Damasco.

Mas uma fonte do governo israelense disse que não foi esse o recado que Olmert transmitiu nesta semana a Assad por intermédio de Pelosi. "O primeiro-ministro disse que Israel está interessado na paz com a Síria, mas que a Síria antes teria de abandonar o caminho do terror e [deixar de] dar apoio a grupos terroristas", afirmou a fonte.

O gabinete de Olmert divulgou nota segundo a qual "os comentários feitos [pelo premiê] à presidente da Câmara não representam qualquer mudança na política que Israel expressou a todas as figuras que lidam com a questão."

Washington acusa Damasco de patrocinar o terrorismo e estima que até 90 por cento dos homens-bomba no Iraque se infiltram pela Síria. Damasco diz tentar conter esse fluxo.

Assad disse que a Síria está disposta a retomar as negociações com Israel tendo por base um plano árabe que prevê a normalização de relações em troca da devolução de territórios.

"A Síria adotou a iniciativa árabe, sua escolha estratégica é a paz", disse Assad a Pelosi, segundo a agência oficial síria de notícias. As negociações entre Israel e Síria estão paradas desde 2000.

Pelosi qualificou a reunião com Assad de "muito produtiva" e afirmou ser importante que a Síria use sua influência com o grupo palestino Hamas para promover a retomada do processo de paz.

"Chamamos a atenção do presidente para nossa preocupação com combatentes cruzando a fronteira Iraque-Síria, em detrimento do povo iraquiano e dos nossos soldados", acrescentou ela, ecoando uma crítica muitas vezes feita pelo governo Bush.

O governo sírio diz que gostaria de ajudar os EUA a fazer uma "retirada honrosa" do Iraque, mas que em troca Washington deve pressionar Israel a devolver as colinas do Golã.

"Os Estados Unidos vêm trabalhando em fóruns multilaterais com países da região e países da Europa para passar uma mensagem aos sírios de que eles precisam mudar seu comportamento, e é lamentável que ela [Pelosi] faça esta viagem unilateral, que vemos apenas como contraproducente", disse Gordon Johndroe, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

Os EUA retiraram seu embaixador da Síria logo depois do assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Al Hariri, em fevereiro de 2005. Damasco nega envolvimento no crime.

Na quarta-feira, Pelosi seguiu para a Arábia Saudita.

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