Damasco - O regime sírio acusou ontem os Estados Unidos de usarem a existência de armas químicas no país como pretexto para uma intervenção militar, assim como foi feito para justificar a ocupação do Iraque, em 2003.
Em entrevista ao canal Al Mayadeen, em Nova York, o chanceler sírio, Walid Muallem, disse que Washington ameaça usar contra o governo de Bashar Assad a mesma tática de que lançou mão para derrubar o ditador iraquiano Saddam Hussein.
"Isso é um invento da administração americana. As armas químicas existem, mas como vamos usá-las contra o nosso povo?", disse.
A revelação do arsenal de destruição em massa foi confirmada pelo regime sírio em julho, alegando que não pretendia aplicá-lo na crise no país a não ser que haja uma intervenção estrangeira. O governo garantiu que as armas estão em local seguro.
Na semana passada, o secretário de Defesa americano, Leon Panetta, reafirmou a preocupação com o arsenal, mas descartou até o momento qualquer intervenção de forças dos EUA no país.
Muallen voltou a criticar o Qatar e a Arábia Saudita, entre outros países, por darem apoio aberto aos rebeldes, que são chamados de terroristas pelo governo sírio.
Os combates entre opositores e governo seguem por mais um dia em todo o território sírio. Pelo menos 21 pessoas morreram em bombardeios do Exército sírio na cidade de Salqine, na Província de Idlib, no norte do país.
De acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, aviões lançaram explosivos sobre a cidade, destruindo prédios e casas. A maioria das vítimas morreu nas explosões e soterradas nos escombros dos edifícios.
No entanto, a televisão estatal informou que as forças governamentais "destruíram veículos carregados com armas automáticas e mataram terroristas armados que atacavam cidadãos em Salqine".
Na cidade de Aleppo, a segunda maior do país, um mercado histórico, que pertencia à lista de patrimônio mundial da Unesco, foi parcialmente destruído por um incêndio durante confrontos entre rebeldes e forças leais a Assad.
Na semana passada, os rebeldes anunciaram uma "batalha decisiva" para dominar a cidade, mas até o momento não há informações de áreas dominadas pelos insurgentes.
Desde o início da revolta, em março de 2011, pelo menos 30 mil pessoas morreram em confrontos em todo o país, segundo grupos opositores. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima em 25 mil o número de mortos.