Rússia e o regime de Assad afirmaram que 70% dos mísseis de cruzeiro usados pelo Ocidente contra três alvos na Síria no ataque de sexta foram interceptados pelas defesas aéreas do ditador.
Como tudo na guerra de informação em torno do país árabe, é preciso cautela com tal afirmação. Segundo o general Serguei Rudskoi afirmou em entrevista coletiva em Moscou, EUA e aliados dispararam 103 mísseis de cruzeiro, incluindo o famoso americano Tomahawk, dos quais 71 teriam sido derrubados.
Parece exagero, em especial a afirmação que todos os 12 disparados contra uma base aérea síria foram interceptados. Isso porque Assad não conta com sistemas tão sofisticados de defesa antiaérea, como os modelos S-300 e S-400 que os russos operam em suas duas bases na Síria.
A ditadura utiliza material soviético mais antigo, como o S-200 e o Buk, menos efetivos e que foram alvo de um grande ataque israelense há poucos dias. Embora a Rússia tenha afirmado que não usou suas baterias na noite de sexta, se isso ocorreu a afirmação ganha mais plausibilidade. Rudskoi afirmou que um fornecimento do S-300, que atinge alvos a até 300 km de distância, poderá ser cedido a Assad. O ditador tentou receber a arma no começo da guerra civil, em 2011, mas a pressão ocidental sobre Moscou foi bem-sucedida para evitar a entrega.
De todo modo, se algum míssil foi derrubado, isso é uma reação inédita contra o padrão de ataques aéreos adotado depois da Guerra Fria. Até aqui, os EUA não comentaram as alegações russas.
Além dos mísseis de cruzeiro, que voam baixo e a velocidades subsônicas, usando GPS para atingir o alvo com precisão, os americanos usaram bombardeiros no ataque.
A França, por sua vez, disparou pelo menos 12 mísseis a partir de caças Rafale e Mirage, segundo o governo de Emmanuel Macron. Já o Reino Unido, que possui uma base muito próxima da Síria, em Chipre, despachou quatro aviões de ataque Tornado, que podem usar bombas ou disparar o míssil de cruzeiro Storm Shadow. Franceses e britânicos disseram não ter perdido nenhum míssil.
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