Forças de segurança da Síria detiveram centenas de ativistas e manifestantes em buscas casa a casa em todo o país nesta segunda. O presidente Bashar al-Assad enviou tropas do Exército para conter o levante que já dura sete semanas e representa o maior desafio aos 40 anos de governo de sua família.
Assad parece determinado a esmagar o levante pela força e intimidação, apesar das crescentes acusações internacionais e do número de vítimas, que já chegou a 630 desde o início dos protestos, segundo grupos de defesa dos direitos humanos.
As prisões realizadas hoje foram concentradas em quatro áreas: em Homs, região central do país; na cidade costeira de Banias; em alguns subúrbios de Damasco; e em vilas ao redor de Deraa, afirmou Rami Abdul-Rahman, diretor do Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
Segundo ele e outros ativistas, o barulho dos tiros podia ser ouvido no subúrbio de Maadamiyeh, em Damasco. A área, onde foram realizadas grandes manifestações nas últimas semanas, estava sem eletricidade, comunicação e água, afirmaram ativistas em condição de anonimato. Dentre os detidos está Firas Khaddam, sobrinho do ex-vice-presidente Abdul-Halim Khaddam, que vive no exílio desde que deixou a Síria, em 2005, e pediu a queda do regime.
Enquanto isso, o jornal do partido governista Baath diz que uma "calma cautelosa" reina em Banias e que as manifestações "serão encerradas em questão de horas". O jornal Al-Watan diz que Banias está sob completo controle do Exército sírio após "ferozes" batalhas com grupos de "terroristas armados" que teriam usado armas pesadas e morteiros.
Assad, que herdou o poder de seu pai em 2000, responsabiliza "capangas armados" e estrangeiros pelos protestos no país. O governo tem respondido com operações militares de larga escala, dentre elas um cerco de 11 dias a Deraa que matou cerca de 500 moradores. A Síria também proibiu a mídia estrangeira de trabalhar no país e restringiu o acesso de jornalistas a várias partes do território, o que torna difícil confirmar os fatos de forma independente.
Numa indicação de que o governo não pretende recuar, Assad foi citado por um jornal declarando que "a atual crise na Síria será superada e o processo de reformas administrativas, políticas e da mídia continua".