A cidade síria onde o governo afirma que foram mortos mais de 120 membros das forças de segurança aguardava nesta terça-feira a chegada do Exército para reprimir os ataques, segundo a mídia estatal.
Não está claro exatamente o que aconteceu no fim de semana na cidade de Jisr al-Shughour, no noroeste do país, mas parece ter sido um dos episódios mais sangrentos em quase 12 semanas de protestos populares contra o governo de Bashar al-Assad, no poder há 11 anos.
Moradores disserem que uma coluna de tropas e veículos blindados, aparentemente se dirigindo a Jisr al-Shughour, chegou à cidade de Ariha, 15 quilômetros a leste, um dia depois de o ministro do Interior, Mohammad Ibrahim al-Shaar, ter declarado que o Exército cumprirá seu "dever nacional de restaurar a segurança".
De acordo com relatos oficiais, homens armados percorreram a cidade e atearam fogo a prédios governamentais, infligindo um número muito grande de baixas às forças da segurança, cujos homens teriam sido mortos em uma emboscada e em ataques contra uma agência dos correios e um posto de segurança.
Ativistas e moradores de Jisr al-Shughour contestam essa versão, dizendo que as mortes aconteceram após um motim entre as forças enviadas para sufocar protestos civis.
A Síria vem impedindo a entrada da maior parte da imprensa estrangeira no país, o que dificulta a averiguação dos fatos. O país não divulgou imagens em vídeo para fundamentar seu relato sobre o derramamento de sangue ocorrido em Jisr al-Shughour.
Em 1982, forças sírias esmagaram uma revolta islâmica armada na cidade de Hama, onde muitos milhares de pessoas foram mortas por ordem do pai de Assad, o então presidente Hafez al-Assad.
Moradores de Jisr al-Shughour disseram que a violência começou quando dezenas de civis foram mortos em uma operação de repressão à cidade situada nas montanhas, à margem de uma rodovia que liga Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, e o porto de Latakia.
Eles disseram que agentes de segurança tinham invadido casas e feito dezenas de prisões arbitrárias depois do maior protesto pró-democracia na cidade, promovido na sexta-feira, quando pelo menos cinco pessoas foram mortas.
As mortes enfureceram a cidade e levaram a deserções entre membros da polícia de segurança e das tropas pertencentes à maioria sunita síria, segundo os moradores. Assad e muitos dos comandantes do Exército e das forças de segurança fazem parte da seita minoritária alauíta.
"Agentes de inteligência militar e policiais de segurança invadiram a cidade na segunda-feira. Franco-atiradores começaram a disparar contra pessoas que ousavam sair às ruas. Corpos estavam estendidos nas ruas. Cerca de 100 policiais e soldados desertaram e se puseram de nosso lado", disse por telefone um morador, acrescentando que seis agentes da segurança militar foram mortos.
O morador disse que homens armados alauítas, pró-Assad, de vilarejos vizinhos, conhecidos como "shabbiha", foram vistos em Jisr al-Shughour.
A organização síria de defesa dos direitos humanos Sawasiah disse que as 120 pessoas mortas são em sua maioria civis ou soldados que se recusaram a participar da repressão e que teriam sido abatidos a tiros pelos agentes de segurança.
"As autoridades estão repetindo seu padrão de matança. Elas escolhem a cidade em que as manifestações foram mais vibrantes e castigam a população", disse um porta-voz da Sawasiah.
Congresso reage e articula para esvaziar PEC de Lula para segurança pública
Lula tenta conter implosão do governo em meio ao embate sobre corte de gastos
A novela do corte de gastos e a crise no governo Lula; ouça o podcast
Crítico de Moraes e Lula e ex-desafeto de Trump: quem é Marco Rubio, o novo secretário de Estado dos EUA
Deixe sua opinião