A Síria entrou em estado de "guerra civil", afirmou ontem Navi Pillay, alta comissária da Organização das Nações Unidas para Direitos Humanos.
A ONU aumentou a estimativa do número de mortos durante os confrontos entre manifestantes e governo, desde março. A cifra foi de 3.500 para 4.000 vítimas. "Mas a informação confiável que chega a nós é de que são muito mais [mortos] do que isso", disse.
Pillay citou, como razão para classificar a situação como "guerra civil", além da estimativa de mortos, o fato de que soldados estão desertando e se voltando contra a ditadura de Bashar Assad.
O cenário sugerido por essas circunstâncias aponta, segundo ela, para o aumento da violência no país.
As declarações de Pillay adicionaram peso à pressão da comunidade internacional para que Assad interrompa a repressão na Síria.
Ontem, a União Europeia intensificou as sanções impostas a Damasco, adicionando 12 pessoas e 11 companhias à lista de proibições para transações econômicas.
Amplos setores devem ser afetados, e haverá também banimento de viagens e congelamento de bens de pessoas ligadas ao governo.
O Tesouro dos EUA também impôs mais sanções à Síria ontem e pediu maior pressão para encerrar a violência contra os manifestantes.
Entre os nomes adicionados à lista de proibições está o de Muhammad Makhluf, tio do ditador Assad. Americanos não poderão realizar transações comerciais com ele.
Sufoco
A Liga Árabe e a Turquia também impõem medidas contra a Síria, estrangulando a economia do país.
As sanções devem ter forte impacto nas bases do regime, que depende do apoio da classe empresarial.
As medidas devem também causar danos colaterais. O governo da Jordânia afirmou estar preocupado -a Síria é um de seus principais aliados econômicos.
A Jordânia abriga, ainda, fluxo de refugiados sírios.
Agências de notícias relatam que negócios estavam fechados hoje em algumas cidades sírias, apesar de funcionarem normalmente em Damasco. Há relatos, também, de baixa presença em escolas e em universidades.
Apesar da pressão, o governo sírio não dá sinais de que irá amainar a repressão aos civis. Ativistas revelam que ao menos 22 pessoas foram mortas ontem.