Manifestação em defesa do ditador Bashar Assad em Damasco. Regime sírio mobiliza apoiadores para enfrentar pressão da União Europeia, dos Estados Unidos e da Liga Árabe| Foto: Sana/AFP

Oposição só atacará para defender civis

O Exército Sírio Livre (ESL), formado por soldados desertores do Exército regular sírio, decidiu colocar um fim a seus ataques contra o regime de Bashar Assad, segundo fontes da oposição em Istambul.

A decisão teria ocorrido após reunião do grupo com membros do Conselho Nacional Sírio (CNS), que reúne boa parte da oposição síria, pela primeira vez na Turquia.

O encontro aconteceu na segunda-feira, na província turca de Hatay (sul), fronteira com a Síria, e as duas partes acertaram que "o dever do Exército sírio livre é proteger o povo e não atacar" o regime sírio, segundo Halid Hoca, membro do CSN.

A partir de agora, os soldados desertores devem usar as armas somente em atos de defesa própria ou de civis durante protestos pela queda de Assad, quando as forças de segurança do regime costumam usar violência para reprimir as manifestações.

Indo de encontro com a decisão de não atacar e apenas se defender, os opositores convocaram uma greve geral para pedir a renúncia do ditador.

A notícia vem no mesmo dia em que foi revisado para cima o número de mortos na Síria desde o início dos protestos contra o regime, em março.

A Comissão Independente de Inquérito afirmou na segunda-feira que forças sírias cometeram crimes contra a humanidade, incluindo a morte e a tortura de crianças, seguindo ordens de membros do alto escalão do regime de Bashar Assad.

Folhapress, em São Paulo

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Sanções

Restrições são tentativa da comunidade internacional de impedir a violência das forças do governo contra oposicionistas.

- Negócios com figuras ligadas ao governo, incluindo parentes do ditador.

União Europeia

- Transações que envolvam o setor financeiro e petroquímico.

Liga Árabe

- Investimentos no país e acordos com o banco central sírio.

A Síria entrou em estado de "guerra civil", afirmou ontem Navi Pillay, alta comissária da Organiza­­ção das Nações Unidas para Direi­­tos Humanos.

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A ONU aumentou a estimativa do número de mortos durante os confrontos entre manifestantes e governo, desde março. A cifra foi de 3.500 para 4.000 vítimas. "Mas a informação confiável que chega a nós é de que são muito mais [mortos] do que isso", disse.

Pillay citou, como razão para classificar a situação como "guerra civil", além da estimativa de mortos, o fato de que soldados estão desertando e se voltando contra a ditadura de Bashar Assad.

O cenário sugerido por essas circunstâncias aponta, segundo ela, para o aumento da violência no país.

As declarações de Pillay adicionaram peso à pressão da comunidade internacional para que Assad interrompa a repressão na Síria.

Ontem, a União Europeia in­­tensificou as sanções impostas a Damasco, adicionando 12 pessoas e 11 companhias à lista de proibições para transações econômicas.

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Amplos setores devem ser afetados, e haverá também banimento de viagens e congelamento de bens de pessoas ligadas ao governo.

O Tesouro dos EUA também impôs mais sanções à Síria ontem e pediu maior pressão para encerrar a violência contra os manifestantes.

Entre os nomes adicionados à lista de proibições está o de Muham­­mad Makhluf, tio do ditador As­­sad. Ame­­ricanos não poderão realizar transações comerciais com ele.

Sufoco

A Liga Árabe e a Turquia também impõem medidas contra a Síria, estrangulando a economia do país.

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As sanções devem ter forte impacto nas bases do regime, que depende do apoio da classe empresarial.

As medidas devem também causar danos colaterais. O governo da Jordânia afirmou estar preocupado -a Síria é um de seus principais aliados econômicos.

A Jordânia abriga, ainda, fluxo de refugiados sírios.

Agências de notícias relatam que negócios estavam fechados hoje em algumas cidades sírias, apesar de funcionarem normalmente em Damasco. Há relatos, também, de baixa presença em escolas e em universidades.

Apesar da pressão, o governo sírio não dá sinais de que irá amainar a repressão aos civis. Ativistas revelam que ao menos 22 pessoas foram mortas ontem.

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