Mais um ultimato da Liga Árabe à Síria foi ignorado nesta sexta-feira (25) por Damasco, o que deixa pouca margem para evitar a imposição de duras sanções econômicas a um regime cada vez mais isolado.
O ministro das Relações Exteriores sírio, Walid al Moualem, enviou já nesta sexta-feira uma nova carta ao secretário-geral da Liga na qual levantava uma série de questões e pedia esclarecimentos sobre a missão de observadores árabes.
No entanto, desta vez não parece que a nova tentativa síria de ganhar tempo vá trazer resultados.
O vice-secretário-geral do bloco árabe, Ahmed bin Heli, anunciou que os ministros de Finanças foram convocados ao Conselho Econômico e Social neste sábado (26) para que aprovem as sanções, e para domingo está marcada a aprovação final pelos titulares das Relações Exteriores.
Embora não seja descartada uma manobra de última hora por parte do regime de Bashar Al Assad, caso se cumpram os prazos - algo sempre incerto quando se trata da Liga Árabe - a partir do domingo (27) a Síria enfrentará um pacote de fortes sanções.
Entre as medidas estariam a cessação dos voos e dos acordos financeiros com a Síria, o congelamento dos fundos e o fim dos intercâmbios comerciais com o Executivo de Damasco, com exceção das mercadorias estratégicas que afetam a população, assim como a cessação das transações com o Banco Central do país.
Além disso, as sanções seriam acompanhadas de um passo ainda mais doloroso para o regime sírio: as nações árabes planejam levar o caso ao Conselho de Segurança da ONU.
Ao golpe árabe se uniu a Turquia através de seu ministro de Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, que considerou a proposta da Liga Árabe de enviar observadores como a "última oportunidade" para Damasco sair da crise.
"A proposta da Liga Árabe é tanto uma última como uma nova oportunidade para a Síria. Se as autoridades não demonstrarem boa vontade e não assinarem o protocolo, então a Turquia atuará junto com Liga Árabe", afirmou o ministro.
Enquanto no Cairo se encenava o isolamento de Damasco, a Síria recorria mais uma vez à repressão para calar os protestos que, como todas as sextas-feiras desde março, levaram milhares de pessoas às ruas.
O total de civis mortos pelas forças do regime se elevou a pelo menos 26, entre eles dois menores de idade, segundo os opositores Comitês de Coordenação Local.
De acordo com este grupo, 14 pessoas perderam a vida na província de Homs, no centro do país, enquanto os demais foram assassinados nas regiões de Deir ez Zor e Deraa, situadas no leste e sul da Síria, respectivamente, além de Hama e na periferia de Damasco.
Em uma rara declaração pública, o Exército sírio denunciou o que chamou de "perigosa escalada" da violência, após a morte de seis pilotos de elite na quinta-feira em uma emboscada das forças rebeldes realizada em uma base aérea de Homs.
Um porta-voz militar leu um comunicado na rede de televisão estatal síria no qual o comando militar afirmou que o ataque foi "a prova da intervenção estrangeira" no levante popular contra Assad.
As Forças Armadas sírias também se mostraram ameaçadoras ao advertirem que "cortarão qualquer mão que aponte ao sangue dos sírios" e acusaram os "inimigos da nação, principalmente Israel" de serem os "beneficiados" deste ato.
O regime voltou a dar mostras de sua força em seus bastiões como Damasco e Aleppo (a segunda maior cidade do país) e voltou a levar dezenas de milhares de partidários às ruas para rejeitar a iniciativa da Liga Árabe, qualificada como uma "violação da soberania" nacional.
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