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Oriente Médio

Síria inicia diálogo nacional, mas oposição boicota

Os principais grupos oposicionistas da Síria boicotaram neste domingo (10) as conversações para um diálogo nacional, mas o vice-presidente Farouq al-Shara disse que o país, há meses mergulhado em protestos contra o governo, não tem alternativa ao diálogo.

Sharaa fez a declaração no início de um encontro de dois dias com o objetivo de estabelecer as linhas básicas para o diálogo nacional prometido pelo presidente Bashar al-Assad, que está sob pressão de manifestantes que pedem sua saída do poder, no maior desafio enfrentado em seus 11 anos de regime.

A reunião foi prejudicada pela ausência dos principais líderes e grupos oposicionistas, que rejeitaram o chamado de Assad pelo diálogo e disseram que não tomarão parte em nenhuma conversação enquanto as autoridades não puserem fim à repressão militar e libertarem milhares de presos políticos.

"Neste momento não há alternativa ao diálogo. (A alternativa) é derramamento de sangue, sangramento da economia e autodestruição", disse Sharaa a mais de 200 participantes do encontro, incluindo intelectuais parlamentares independentes e oposicionistas menos destacados.

"O diálogo nacional tem de continuar e em todos os níveis... para virar a página do passado e abrir uma nova página na história da Síria", afirmou ele.

A Síria impôs restrições à imprensa. A reunião foi transmitida ao vivo pela TV local.

Inspirados pelos protestos no Egito e Tunísia, que levaram à deposição dos dirigentes desses países, dezenas de milhares de sírios saíram às ruas em março para pedir mais liberdades civis. Os protestos também foram desencadeados pela raiva e frustração com a corrupção e a pobreza.

Assad respondeu aos manifestantes com um misto de força e promessas de reformas. Ele enviou soldados e tanques para cidades e vilarejos para esmagar as revoltas. Milhares de pessoas foram presas.

O presidente sírio também adotou medidas em prol de reformas, incluindo a concessão de cidadania a alguns curdos, remoção de um draconiano estado de emergência, libertação de centenas de prisioneiros e um chamado ao diálogo nacional.

Grupos de defesa dos direitos humanos dizem que mais de 1.300 civis foram mortos nas manifestações e 12 mil pessoas foram presas desde o início da revolta. As autoridades afirmam que mais de 500 soldados e policiais morreram em confrontos provocados por grupos militantes.

A Síria atribui a violência a grupos islâmicos armados.

Governos ocidentais condenaram a violência do regime de Assad contra os protestos, mas até o momento suas medidas práticas se limitaram à imposição de sanções contra autoridades sírias, numa reação bem distante da intervenção militar desencadeada contra a Líbia, de Muammar Kadafi.

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