Opositores ao regime de Bashar al-Assad na Síria rechaçaram nesta quarta-feira (11) a proposta russa para convocar uma Assembleia Constituinte de 18 meses e de eleições antecipadas, como estratégia para cessar o conflito no país.
Haitham al-Maleh, proeminente figura da oposição, afirmou que a Rússia é “uma força de ocupação” na Síria, e acrescentou que os opositores não aceitarão que Assad desempenhe nenhum papel durante o período de transição.
A Rússia havia submetido uma proposta sobre o tema, cujos termos incluíam um pleito presidencial e legislativo e a redação de uma nova Constituição em até um ano e meio. Não foi descartada a participação de Assad e outros nomes fortes do atual regime no processo.
O parlamentar Sharif Shehadeh afirmou que não serão convocadas eleições antes do fim do mandato de Assad, em 2021. Shehadeh disse que a votação é um assunto interno da Síria, acrescentando que é “muito cedo” para convocá-la.
Proposta
Os comentários foram feitos um dia depois de um rascunho da proposta russa ser divulgado pela Reuters. Moscou negou que teria preparado o material para a próxima rodada de discussões sobre a situação síria, que acontece nesta semana em Viena, na Áustria.
Opositores acusam Moscou de tentar manter Assad no poder e marginalizar vozes dissidentes. “O povo sírio nunca aceitou a ditadura de Assad e não vai aceitá-la sendo reintroduzida ou reformulada de qualquer maneira”, afirmou Monzer Akbik, membro da Coalizão Nacional Síria, apoiada pelo Ocidente.
Hadi al-Bahra, membro do comitê político da coalizão, questionou “como as eleições podem ser livres na Síria se o povo tem medo da retaliação dos serviços de segurança do regime”.
A Rússia iniciou há um mês e meio ataques aéreos a bases de insurgentes que se aproximavam de áreas vitais para Assad, além de aumentar os esforços diplomáticos para resolver o conflito.
Os Estados Unidos e a Turquia, que apoiaram o levante contra o regime sírio, iniciado em 2011, já sinalizaram que querem a saída do presidente.