A Síria se queixou na sexta-feira de não ter sido consultada sobre a criação de um tribunal internacional especial destinado a julgar os suspeitos por vários crimes políticos no Líbano, e sugeriu que não vai colaborar com a corte.
O embaixador sírio na Organização das Nações Unidas, Bashar Jaafari, disse em carta ao secretário-geral da ONU que a criação do tribunal sem o envolvimento de seu país demonstraria que Damasco "não tem conexão" com ele.
Entre os casos com aparente motivação política estão o assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik Al Hariri, em 2005, que era contrário à presença militar síria daquela época no Líbano.
A ONU consultou o atual governo libanês, pró-Ocidente, para formular os planos do novo tribunal, depois que o primeiro-ministro Fouad Siniora informou à ONU que não teria como lidar por conta própria com o caso Hariri.
A investigação da ONU atribuiu preliminarmente responsabilidade pelo crime a autoridades de segurança da Síria e do Líbano, embora Damasco negue envolvimento.
O gabinete libanês se reúne no sábado para aprovar formalmente a proposta do tribunal internacional. Jaafari disse que, na opinião da Síria, a instalação do tribunal só deveria acontecer depois de concluída a investigação da ONU.
O diplomata afirmou que a Síria não só não foi consultada como não recebeu nem sequer uma cópia do projeto. "Consequentemente, caso o estatuto do tribunal seja adotado, transgressões inaceitáveis que prejudicam a soberania de certo número de Estados e os direitos de seus súditos devem vir a público", afirmou.
O governo libanês está profundamente dividido sobre o tribunal. Enquanto a maioria do gabinete é favorável, o presidente Emile Lahoud, pró-sírio, é contra.
A corte pode vir também a receber jurisdição sobre o assassinato do ministro da Indústria, Pierre Gemayel, ocorrido na terça-feira. Vários líderes libaneses atribuíram o atentado que o matou a Damasco e alertaram que outros ministros podem ser vítimas. A Síria nega.
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