Local do atentado no sul da Damasco, capital da Síria. Explosões mataram 55 pessoas e queimaram dezenas de veículos| Foto: Sana/AFP

Como foi

Atentado mais sangrento desde o início do levante sírio coincide com visita de observadores da ONU ao país.

1) Às 7h50 (1h50 deontem no Brasil), dois carros-bomba com quase uma tonelada dematerial explosivo explodem no cruzamento de Qazzaz, no sul de Damasco,em horário de grande movimento.

2) A explosãodestruiu 21 veículos próximos e danificou maisde cem, segundo relatosdo governo sírio.

3) A bombadestruiu tambéma parte da frente de um complexo de prédiosde nove andarespertencente à inteligência síria – onde, segundo ativistas, oposicionistas são torturados.

4) Nenhum grupoassumiu a autoriado atentado, que matoupelo menos 55 pessoas.

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Missão da ONU

Militar brasileiro relata violência e comoção no local de explosão

O militar brasileiro Alexandre Feitosa, da missão de observadores da ONU na Síria, sentiu nitidamente o estrondo causado pelos atentados, apesar de estar a mais de 5 km de distância do local das explosões.

"Foi impressionante. Parecia que havia sido aqui do lado", disse o capitão de mar e guerra da Marinha brasileira. Acho que Damasco inteira sentiu.

No momento das explosões, Feitosa estava no quartel-general da ONU em Damasco. Logo em seguida, ele foi ao local acompanhado do general norueguês Robert Mood, chefe da missão, e de outros observadores.

"Foi muito violento, além de nossas piores expectativas. Havia muita comoção", disse Feitosa, relembrando a devastação e os corpos mutilados que viu. Ele revelou que a missão da ONU recebeu informações preliminares sobre os possíveis autores dos atentados, mas preferiu não entrar em detalhes.

O contingente da ONU na Síria chegará hoje a 150 observadores, incluindo sete militares enviados pelo Brasil, informou Feitosa. Mais quatro brasileiros chegarão na próxima semana. A meta é atingir 300 monitores.

"Os atentados não mudarão os planos da missão", disse Feitosa: Trabalharemos como antes.

Socorristas carregam vítima com o corpo queimado pelas explosões de carros-bomba

A Síria viveu ontem seu dia mais sangrento em 14 meses­­ de revolta contra o ditador Ba­­­­shar Assad. Ao menos 55 pessoas morreram e 372 ficaram feridas nas explosões de dois carros-bomba na capital Damasco.

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Faltavam poucos minutos para as 8h (2h em Brasília) quando os explosivos foram detonados numa área movimentada no sul de Damasco, em frente de um prédio dos serviços de segurança.

De tão intenso, o impacto provocado pelas explosões foi sentido a quilômetros de distância, produzindo um cenário de devastação que lembrou os piores momentos da guerra civil no Iraque.

O atentado salienta ainda mais a complexidade da missão dos observadores da ONU, que estão no país para inspecionar o frágil cessar – fogo em vigor há um mês.

Ninguém assumiu a autoria, repetindo o roteiro de ataques recentes: o regime culpou "grupos terroristas com ajuda estrangeira" e opositores acusaram o governo de forjar o atentado.

A tevê estatal colocou no ar imagens ao vivo e sem censura do massacre, mostrando corpos despedaçados e carbonizados, dezenas de veículos em chamas e duas grandes crateras na rua.

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As explosões destruíram a fachada de um prédio de nove andares que abriga a maior base da inteligência militar do país, responsável por coordenar a repressão a opositores. Há anos o complexo funciona como prisão e centro de tortura, disseram ativistas da oposição.

Em um comunicado, o Mi­­nistério do Exterior disse que os carros-bomba tinham mais de uma tonelada de explosivos e eram conduzidos por terroristas suicidas.

Detonados quase simulta­­neamente, eles atingiram principalmente civis, mas o governo diz que há 11 militares entre as vítimas.

Terror

Várias crianças a caminho­­ da escola foram mortas, segundo a imprensa estatal, que mostrou imagens de cadernos e cópias do Corão queimados. "Esse é mais um exemplo do sofrimento causado ao povo sírio", disse o general norueguês Robert Mood, chefe da missão da ONU, em visita ao local.

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O Observatório Sírio de Direitos Humanos, que opera em Londres, estima que cerca de 12 mil pessoas foram mortas desde o início da revolta, em março de 2011.