Mesmo sob pressão dos Estados Unidos, a Turquia não dá sinal de que vai desistir de comprar o moderno sistema de defesa antiaérea russo S-400. Nesta terça-feira (11), o diplomata do Kremlin Yuri Ushakov disse a repórteres que a Rússia planeja entregar o sistema à Turquia em julho, em uma demonstração de que o acordo ainda está de pé.
Se o presidente turco Recep Tayyip Erdogan não desistir da compra, os Estados Unidos ameaçam cortar a Turquia do programa dos caças americanos F-35, um consórcio de nove países da Otan, em que cada um deles é responsável pela construção de partes da aeronave.
Os primeiros avisos já foram dados. Na sexta-feira (7), o Pentágono informou que suspenderia o treinamento de pilotos turcos no F-35, que desde o ano passado estão no Arizona e na Flórida aprendendo a pilotar o modelo, em antecipação à entrega do primeiro dos 100 F-35 que Ankara quer comprar. Os pilotos serão obrigados a deixar os Estados Unidos até 31 de julho. Além disso, os EUA disseram que os turcos não podem participar de atividades de gerenciamento relacionadas ao programa F-35.
Atualmente, as empresas turcas produzem quase 1.000 peças para o F-35, incluindo componentes de trem de pouso e fuselagem. O Pentágono está trabalhando com a Lockheed Martin, fabricante do avião, para encontrar novos fornecedores para as peças que são fabricadas na Turquia.
A administração Trump e a Otan defendem que operar o sistema S-400 próximo ao F-35 permitiria que a Rússia aprendesse muito sobre o perfil de radar da aeronave e identificasse possíveis vulnerabilidades.
Justificativa da Turquia
A Turquia rejeita esse argumento e diz que poderia manter as duas armas separadas, em segurança. O país sustenta que os Estados Unidos demoraram demais em apresentar uma contra-oferta para que a Turquia comprasse o Patriot, sistema de defesa antimísseis americano. As autoridades turcas também disseram que os fornecedores russos oferecem sistemas comparáveis a custos mais baixos - a proposta americana foi de US$ 3,5 bilhões pelo Patriot, enquanto o S-400 custará US$ 2,5 bilhões - e com transferência de tecnologia que os Estados Unidos não estavam dispostos a ceder.
Erdogan disse repetidamente que a compra do S-400, realizada em 2017, é uma decisão soberana e um "acordo fechado". Sergey Chemezov, chefe do conglomerado estatal de desenvolvimento de defesa da Rússia, Rostec, disse na sexta-feira que os militares turcos já haviam concluído o treinamento nos S-400, em solo russo.
Justificativa dos EUA
Além de ameaçar a segurança do F-35, Patrick Shanahan disse que a compra do S-400 "vai atrapalhar a capacidade" da Turquia "de melhorar ou manter a cooperação com os Estados Unidos e com a Otan, levar à dependência estratégica e econômica turca da Rússia e minar a própria indústria de defesa da Turquia", que é "capacitada e tem objetivos ambiciosos de desenvolvimento econômico".
O Congresso americano ameaçou aprovar sanções contra a Turquia se o país levar adiante o acordo com a Rússia.
A compra do sistema russo é mais uma das disputas entre os dois aliados da Otan. Um dos pontos de discórdia mais evidentes é o apoio dos EUA aos combatentes curdos sírios, que têm sido a principal força terrestre na campanha contra o Estado Islâmico na Síria. Negociações sobre a retirada do grupo de combate curdo, o qual é considerado uma organização terrorista pela Turquia, estão em andamento.
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