EUA divulgam dados sobre vigilância
O governo dos EUA divulgou ontem documentos sobre o gigantesco programa de coleta de dados telefônicos, permitindo um raro vislumbre sobre o trabalho dos serviços de inteligência.
O gabinete do diretor nacional de Inteligência divulgou três documentos, agora liberados do sigilo, que autorizavam e explicavam a grande coleta de dados de comunicações telefônicas. Esse foi um dos programas secretos revelados por Edward Snowden, ex-prestador de serviços da Agência de Segurança Nacional (NSA).
Em nota, o gabinete disse que a divulgação dos documentos "atende ao interesse de uma maior transparência". Na verdade, grande parte das informações já havia sido citada em audiências públicas por autoridades de inteligência ao prestarem explicações sobre as revelações de Snowden, que causaram indignação internacional.
Autoridades norte-americanas dizem que os programas de vigilância das comunicações telefônicas e por computador ajudaram a evitar atentados terroristas, mas vários parlamentares cobram mais supervisão sobre essas atividades de espionagem, que cresceram muito depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.
Os documentos divulgados ontem incluem dois relatórios a respeito do "Programa de Coleta Maciça", realizado sob a égide da chamada Lei Patriota ("Patriot Act"). O terceiro documento é uma portaria emitida em abril de 2013 pela Corte de Vigilância da Inteligência Estrangeira um tribunal secreto , solicitando à empresa de telefonia Verizon que entregasse os dados dos telefonemas de milhões de norte-americanos, e descrevendo como os dados deveriam ser armazenados e acessados.
Os três documentos revelados haviam sido inicialmente remetidos a comissões parlamentares com avisos de que as informações ali constantes descreviam "alguns dos mais sensíveis programas de coleta de inteligência estrangeira já conduzidos pelo governo dos EUA".
Dados
Eles relataram programas que recolhiam informações "a granel" sobre discagem, roteamento e sinalização de telefonemas e comunicações eletrônicas. Os textos diziam que o governo recolhia os números chamados e endereços eletrônicos usados, bem como horas e datas, mas jamais tinha acesso ao conteúdo das conversas e dos e-mails.
Um dos relatórios esclarecia que, "embora o programa colete um grande volume de informações, a vasta maioria dessa informação nunca é revista por ninguém do governo, porque a informação não atende aos critérios limitados que são autorizados para fins de inteligência".
Reuters
XKeyscore
...é o nome do programa de computador que permite rastrear atividades de usuários da internet a partir de informações diversas como e-mail, nome, telefone, IP, senhas, idioma e navegador utilizado.
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...documentos foram revelados ontem pelo gabinete do diretor nacional de Inteligência, agora liberados do sigilo, que autorizavam e explicavam a grande coleta de dados de comunicações telefônicas.
Novas revelações feitas por Edward Snowden sobre as atividades de espionagem digital dos EUA foram reveladas ontem. O jornal britânico The Guardian publicou, com base em documentos entregues por Snowden, materiais de treinamento da Agência de Segurança Nacional (NSA) para um programa chamado XKeyscore. Segundo a reportagem, feita pelo jornalista Glenn Greenwald, trata-se de um sistema que abrange "praticamente tudo que um usuário típico faz na internet".
Segundo o jornal, o XKeyscore permite rastrear atividades de usuários da internet a partir de informações diversas, como e-mail, nome, telefone, IP, senhas, idioma e navegador utilizado.
Para utilizar o programa, analistas de inteligência precisam apenas preencher na tela do computador um formulário com uma "justificativa ampla" para vasculhar comunicações, sem necessidade de autorização judicial ou de permissão de outros funcionários da NSA.
Um dos documentos revelados ontem descreve como o programa consegue fazer buscas em páginas da internet e documentos, além de dar acesso a corpos de e-mail, destinatários, remetentes, endereços para os que foram encaminhadas mensagens e até os destinatários ocultos.
O funcionamento é como o de qualquer ferramenta de busca. O analista preenche a "justificativa ampla", fornece o e-mail que deseja rastrear e o intervalo de tempo da busca.
No mês passado, Snowden, ex-funcionário terceirizado do serviço de inteligência dos EUA, revelou que o governo norte-americano espionava secretamente as comunicações telefônicas e via computador de milhões de pessoas, dentro e fora do país, num caso que provocou indignação internacional.
Autoridades de inteligência dizem que essas atividades ajudaram a impedir atentados terroristas.
Pai de delator se recusa a ajudar o FBI
Reuters
O pai do ex-funcionário da agência de espionagem norte-americana Edward Snowden disse que não irá até a Rússia para servir de "ferramenta emocional" nos esforços dos EUA de persuadir seu filho a se entregar.
Lonnie Snowden afirmou ao jornal The Washington Post que autoridades do FBI não foram capazes de garantir se ele poderia ver seu filho, que enfrenta acusações de espionagem por expor programas secretos norte-americanos de vigilância.
"Eu disse: Quero poder falar com meu filho... vocês conseguem estabelecer a comunicação?. E eles: Bom, não temos certeza", disse Lonnie Snowden ao Post. "Falei: Espere um pouco, pessoal, não vou me sentar no asfalto e virar uma ferramenta emocional de vocês."
O pai de Snowden disse anteriormente à televisão estatal Russian 24 que o FBI havia sugerido "algumas semanas atrás" que ele viajasse a Moscou para falar com o filho.
Edward Snowden, cuja exposição da vigilância levantou questões sobre a intrusão nas vidas privadas, está na zona de trânsito do aeroporto Sheremetyevo de Moscou desde que chegou ali, vindo de Hong Kong, há mais de um mês. Seu pai não mantém contato direto com ele.
Snowden, de 30 anos, pediu asilo temporário na Rússia depois que o cancelamento de seu passaporte o impediu de viajar para um dos países que ofereceram asilo a ele (Venezuela, Bolívia e Nicarágua).
O pai disse acreditar que Snowden ficaria melhor se permanecesse em Moscou.
"Se ele quiser passar o resto da vida na Rússia, eu vou entender. Não sou contra isso", disse Lonnie à televisão russa. "Se eu estivesse no lugar dele, ficaria na Rússia, e espero que a Rússia o aceite".
Lwonnie Snowden disse que não achava que seu filho teria um julgamento justo nos EUA por causa "do que aconteceu nas últimas cinco ou seis semanas".
O advogado russo que está ajudando Edward Snowden, Anatoly Kucherena, disse acreditar que seu pedido de asilo seria aceito "nos próximos dias", e que os EUA não conseguiram enviar um pedido oficial de extradição.
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