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Site apresenta Manuscritos do Mar Morto
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Mais de um milhão de pessoas já visitaram o site, lançado há uma semana, que apresenta imagens em alta resolução dos Manuscritos do Mar Morto. Mais de dois mil anos depois de serem escritos e escondidos numa caverna no deserto, os famosos pergaminhos estão, mais do que nunca, à disposição da Humanidade. Desde segunda-feira passada, os textos - descobertos por um pastor beduíno em 1947 em Qumran, no deserto da Judéia - estão online, de graça e com tradução para inglês.

O projeto "Manuscritos do Mar Morto Online", do Museu de Israel em cooperação com a ferramenta de busca Google, a um custo de US$ 3,5 milhões (cerca de R$ 6,5 milhões), começou com a divulgação pela internet de cinco dos principais manuscritos. Através de tecnologia de alta resolução - com a qual os autores dos documentos jamais sonhariam -, os internautas de hoje podem visualizar os livros e lê-los, versículo a versículo, no site http://dss.collections.imj.org.il/.

De segunda passada até a manhã do último domingo, o site contabilizou 1.042.104 visitantes. O país com o maior número de acessos foi os Estados Unidos (400 mil). Mas foi registrado grande interesse também no Japão (58 mil), Canadá (48 mil), seguidos de Holanda, Croácia, Reino Unido e Brasil (35 mil visitantes cada).

Oito dos manuscritos originais estão em exibição desde 1965 no Santuário do Livro, em Jerusalém, dentro de um prédio construído especificamente para abrigar os artefatos históricos (o prédio é tão seguro que tem a capacidade de afundar na terra em caso de guerra nuclear). Oito pergaminhos e papiros antigos ficam na penumbra, em temperatura e índice de umidade específicos para evitar sua corrosão. Alguns já estão tão deteriorados que têm a finura de uma casca de cebola.

Se, a olho nu, os visitantes do museu não conseguem destinguir detalhes nos documentos expostos, na internet é possível ampliá-los a ponto de identificar os erros e correções dos escribas. A resolução de 1,2 megapixels é 200 vezes maior do que a de uma câmera fotográfica comum. O leitor pode, inclusive, deixar comentários em relação aos trechos lidos.

O documento escaneado mais notório é o "Grande manuscrito de Isaías", que contém a mais antiga versão de um texto bíblico. Escrito no ano de 125 AC, é o único encontrado inteiro e o maior de todos, com 734 centímeros. Outros digitalizados foram o "Manuscrito da guerra" (que relata um confronto 49 anos entre homens "da luz" e "da escuridão"), o "Manuscrito do Templo"(com detalhes sobre o Templo de Salomão, em Jerusalém), o "Manuscrito da Comunidade" (com regras de conduta sociais) e o "Comentários dos Manuscritos de Habacuque" (detalhando outro texto da época).

"O aplicativo permite que o internauta visualize todos os documentos de sua própria casa. Quem quiser, pode começar a compreender e apreciar as pedras fundamentais da cultura ocidental moderna monoteísta", explica James Snyder, diretor do Museu de Israel.

O diretor acredita que o projeto ajudará a desmistificar os documentos. Depois da descoberta, os papiros foram praticamente "sequestrados" por arqueólogos jordanianos e, posteriormente israelenses, o que provocou polêmica e serviu para aumentar a áurea de mistério em torno dos textos. A tradução e publicação dos conteúdos demorou décadas. Agora, isso é passado.

Os Manuscritos do Mar Morto consistem num conjunto de mais de 30 mil fragmentos que formam 972 textos religiosos escritos em hebraico, aramaico e grego. Entre os textos, estão a mais antiga versão do Velho Testamento, além de livros denominados de "apócrifos" - que não entratam na compilação original da Bíblia. Os livros mais antigos são do século III A.C. e o mais "recente", de 70 D.C, ano em que o Segundo Templo de Salomão, em Jerusalém, foi destruído pelos romanos. Justamente por causa da perseguição romana é que os donos dos documentos os esconderam dentro de ânforas em 11 cavernas às margens Norte do Mar Morto.

Eles revelam detalhes do desenvolvimento das principais religiões monoteístas durante o período helenístico, além do relacionamento entre as diversas facções de judeus - incluindo os primeiros a seguirem tradições cristãs.

"A missão do Google é organizar a informação do mundo e transmormá-la em algo acessível e útil. Não se pode pensar num conteúdo e informação mais importante do que esse, relacionado à herança cultural e religiosa de tantas pessoas no mundo - afirma o Yossi Matias, diretor de Desenvolvimento e Pesquisa da filial israelense do Google. - O incrível é pegar uma história dois mil anos atrás e colocá-la a um clique de distância de quem quiser. O projeto prevê a digitalização de mais pergaminhos e sua tradução para outras línguas, como francês, espanhol, árabe e chinês.

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