Estudantes iranianos queimam foto do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e do atual mandatário Joe Biden, durante protesto em Teerã, 2020.| Foto: EFE/EPA/ABEDIN TAHERKENAREH
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Um relatório feito pelo think tank americano Foundation for Defense of Democracies (FDD, na sigla em inglês) identificou aproximadamente 20 sites vinculados ao Irã que estão tentando influenciar o voto de uma parcela do eleitorado americano antes do pleito presidencial de 5 de novembro, no qual concorrem o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris.

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Segundo as investigações, uma rede que envolve 19 portais de notícias estaria espalhando informações falsas relacionadas à votação, visando atingir grupos de eleitores importantes - entre eles afro-americanos, veteranos, hispânicos e muçulmanos - em estado-chave que serão decisivos para os candidatos na apertada disputa.

O FDD aponta que esses sites se apresentam como portais de notícias ou de análise política, mas funcionam como meios para disseminar propaganda iraniana disfarçada de informação legítima.

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Um deles é o "Westland Sun", um veículo online voltado para leitores dos subúrbios de maioria muçulmana perto de Detroit, no Michigan, estado onde se concentra a maior população árabe-americana do país e um dos mais acirrados entre Trump e Harris.

De acordo com o relatório do FDD, o portal tem focado em questões de interesse dos muçulmanos americanos, especificamente os que envolvem o Michigan, publicando extensivamente conteúdos sobre a eleição, "com viés crítico aos conservadores e elogiando candidatos progressistas", analisou o think tank.

Um dos artigos citados no relatório destaca o alcance do presidente Joe Biden entre os muçulmanos e árabes americanos na cidade de Dearborn. Outros artigos avaliam a política dos EUA em relação ao Irã com uma "inclinação pró-regime", aponta o relatório.

Outro site é o “Afro Majority”, que compartilha conteúdo favorável à vice-presidente Kamala Harris e ao movimento Black Lives Matter.

Em um dos conteúdos publicados, o portal enquadra o Irã de forma positiva ao descrever o líder supremo do regime de Teerã, Ali Khamenei, que apoiou os protestos estudantis anti-Israel nos EUA. Segundo o Afro Majority, a atitude foi "um abraço da luta compartilhada por justiça".

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Outro site identificado é o “Not Our War”, que publica críticas ao presidente Joe Biden e ao ex-presidente Donald Trump. Seu público de interesse é formado por eleitores veteranos dos EUA.

O que todos os sites têm em comum, segundo o relatório, é o fato de espalharem uma quantidade mínima de notícias falsas ou artigos de opinião pró-iranianos, enquanto miram em grupos específicos de eleitores americanos.

Segundo o FDD, "esses sites são parte de uma operação de influência expansiva e coordenada" do Irã para influenciar as eleições americanas.

Embora haja uma variedade de públicos nos diferentes sites analisados, os pesquisadores afirmaram que existiam indicadores de que "todos eram canais de propaganda apoiada pelo Irã, como o fato de usarem os mesmos servidores de hospedagem na web e padrões nos endereços de e-mail dos criadores de vários domínios".

"Esses sites também costumam atribuir conteúdo a autores não identificados, em vez de escritores específicos", menciona o documento.

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O jornal Político também denunciou que os links para os perfis de rede social dos sites não funcionam.

Inteligência artificial

O think tank americano Foundation for Defense of Democracies não foi a primeira organização a apontar uma interferência de Teerã nas eleições dos EUA. No mês passado, a Microsoft vinculou dois sites investigados no relatório, o “Savannah Time” e “Nio Thinker”, ao regime iraniano.

O primeiro veículo se apresenta como um meio de comunicação para a cidade de Savannah, Geórgia, um dos estados com mais eleitores indecisos quanto à escolha de presidente, enquanto o Nio Thinker se apresentou como um site de esquerda com conteúdo voltado para "reduzir o apoio a Donald Trump".

Muitos dos sites, segundo as investigações, usaram inteligência artificial para gerar seus conteúdos. A OpenAI também denunciou o Savannah Time e o Nio Thinker no mês passado, junto a outros três sites, classificando-os como parte de uma “operação de influência iraniana”.

Um dos autores do relatório, o analista sênior da FDD, Max Lesser, afirmou que o objetivo do Irã com a propagação de informações falsas sobre as eleições americanas é de aumentar a polarização política no país. "Assim, eles [Irã] minam a confiança dos americanos em suas instituições democráticas", afirmou.

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O relatório é o mais recente documento que aponta para uma tentativa de interferência do Irã nas eleições americanas.

A inteligência de Washington já alertou sobre o aumento dos esforços de Teerã para manipular a corrida presidencial, algo que o país árabe nega veementemente. O episódio mais emblemático nesse sentido foi o roubo de informações da campanha de Trump, noticiado em agosto pela equipe do republicano e confirmado pelo FBI.

O Escritório do Diretor de Inteligência Nacional, a Agência de Segurança Cibernética e de Infraestrutura e o FBI afirmaram na ocasião que as medidas do Irã para “fomentar a discórdia” aumentaram, visto que o regime acredita que as eleições de 2024 serão “particularmente importantes” para suas "políticas domésticas".

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]