Em um encontro marcado pelo abismo entre países sobre como lidar com o Irã, governos europeus pediram na Organização das Nações Unidas (ONU) uma investigação internacional para determinar os responsáveis pela violência no país após as eleições que deram a vitória ao presidente Mahmoud Ahmadinejad em 2009. Nesta segunda-feira (15), o Irã passou por uma sabatina de sua política de direitos humanos na ONU. O evento, porém, foi marcado pela divisão profunda na comunidade internacional sobre como tratar o regime de Ahmadinejad.
A reunião acabou sendo um ensaio geral do que poderia ser o debate sobre as sanções que os americanos querem propor contra o Irã no Conselho de Segurança da ONU, mas também uma demonstração da aliança entre países emergentes apoiando o Irã. A proposta apresentada pelo Reino Unido é que o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, "investigue a violência após as eleições e avalie de forma independente a situação de direitos humanos no país".
O governo francês, que também tem direito à veto na ONU, apresentou o mesmo pedido, indicando que a repressão pela polícia teria de ser investigada por uma comissão internacional. "Há uma repressão sangrenta no Irã", alertou o embaixador francês na ONU, Jean Baptiste Mettei. "A situação se deteriorou de forma séria nos últimos oito meses", disse. "Precisamos ter uma avaliação sobre o que está ocorrendo", afirmou o vice-secretário de Estado norte-americano, Michael Posner. "Condenamos a violência e a supressão injusta de liberdade de expressão", disse.
Hoje mesmo, o governo iraniano rejeitou a ideia de uma investigação internacional. Seyed Rezvani, um dos negociadores iranianos para questão de direitos humanos, deixou claro que a ideia de uma investigação internacional "está fora de questão". Segundo ele, a Justiça iraniana irá lidar com as acusações. Teerã garante ainda que está aberta a uma visita de relatores da ONU. Mas há cinco anos nenhum representante das Nações Unidas consegue ter acesso ao país. "A ONU precisa encontrar uma forma de lidar com o problema de direitos humanos no Irã ", afirmou Posner. Segundo ele, o que o governo iraniano relatou sobre a situação no país era diferente da realidade.
Apoio - Se Europa e EUA pressionavam por medidas reais de investigação, a reunião mostrou o abismo existente entre as posições da comunidade internacional. Rússia e China - outros dois membros do Conselho de Segurança e que são contra sanções - optaram por manter um perfil baixo e sequer criticar a situação de direitos humanos no Irã. Cuba, Nicaragua, Bolívia e Venezuela na América Latina saíram em apoio total a Ahmadinejad, em uma ação coordenada para evitar que os americanos deixassem o encontro com o sentimento de que todos estão contra o Irã. "A revolução islâmica colocou fim à ditadura sangrenta que era mantida por interesses americanos", afirmou Rodolfo Reyes, embaixador de Cuba. "Apesar dos abusos, essa ditadura recebia ajuda e armas do Ocidente, inclusive tecnologia nuclear", disse.
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