O site WikiLeaks afirmou nesta quinta-feira (1º) que o ex-técnico da CIA Edward Snowden, delator do esquema de monitoramento feito pelos Estados Unidos, agradeceu à Rússia pelo asilo temporário de um ano e disse que a Justiça venceu em relação a sua situação.
Snowden deixou nesta quinta-feira a área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, após ficar 39 dias no local. Ele chegou à capital russa em 23 de junho, um dia após os Estados Unidos pedirem sua extradição para ser julgado por roubo de informações confidenciais e espionagem.
Em nota publicada em seu site, o WikiLeaks disse que o delator deixou o aeroporto com a advogada Sarah Harrison, representante da organização que o acompanha desde que saiu de Hong Kong, e atribui a ele uma declaração de agradecimento.
"Nas últimas oito semanas eu vi que a administração do presidente Barack Obama não demonstra nenhum respeito pelas leis nacionais e internacionais, mas no final a lei está vencendo. Obrigado à Federação Russa por me garantir asilo político de acordo com suas leis e com suas obrigações internacionais".
Também se pronunciou na nota o fundador do site, Julian Assange. Para o australiano, a concessão de asilo a Snowden foi uma vitória no que chamou de "guerra do governo Obama contra os delatores".
"A batalha foi ganha, mas a guerra continua. Os Estados Unidos não podem continuar a vigiar todos os cidadãos do mundo e sua colonização digital de nações soberanas. As pessoas não aguentam mais isso. Os delatores continuarão aparecer até que o governo acate suas próprias leis e retórica".
Mais cedo, o pai de Snowden, Lonnie, agradeceu ao presidente russo, Vladimir Putin, por abrigar o delator, em entrevista à televisão russa. "Estou muito agradecido à nação russa e ao presidente Vladimir Putin".
Delator
Snowden, de 30 anos, trabalhava para a Agência de Segurança Nacional americana (NSA, sigla em inglês) como funcionário terceirizado da empresa Booz Allen Hamilton. Ele revelou detalhes sobre programas de espionagem à mídia britânica e norte-americana, que publicaram as informações no início de junho.
A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.
Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.
As denúncias também causaram irritação de governos de diversos países, incluindo o Brasil. A NSA manteve em Brasília uma de suas centrais de seu programa de vigilância, o que provocou protestos e críticas do governo federal.
Devido às denúncias, o governo brasileiro estuda exigir às maiores empresas de internet que mantenham seus centros de processamento de dados no país, a fim de aumentar o controle sobre a informação que pode ser acessada pelo governo americano.
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