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Sob a sombra da guerra EUA-China, G-20 é teste para Macri

Presidente da Argentina, Maurício Macri, quer melhorar a imagem de seu país perante investidores internacionais durante a cúpula do G-20 | EITAN ABRAMOVICH/AFP
Presidente da Argentina, Maurício Macri, quer melhorar a imagem de seu país perante investidores internacionais durante a cúpula do G-20 (Foto: EITAN ABRAMOVICH/AFP)

A partir do meio-dia desta quinta (29), Buenos Aires será uma cidade sitiada, com várias ruas fechadas em torno dos hotéis e locais de reuniões dos mandatários do G-20 – evento que reúne os líderes das principais economias do mundo e que ocorre na sexta (30) e no sábado (1º).

Neste dia, também, sairão às ruas tentando romper os bloqueios diversas manifestações. Próximo à região do obelisco devem marchar coletivos feministas, anti-FMI e grupos comandados por organizações de direitos humanos, como as Mães da Praça de Maio.

No centro das discussões, porém, o principal assunto será a tentativa de encontrar um consenso sobre temas sensíveis relacionados ao comércio exterior, à mudança climática e ao protecionismo.

Neste cenário, o principal encontro será entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, cujo clímax deve ocorrer na noite de sábado, quando jantam juntos.

Este evento deve ocorrer na sexta, uma vez que o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, viaja na mesma noite para, no dia seguinte, entregar o mandato ao novo presidente, Andrés Manuel López Obrador.

Também virão representantes de países que querem protestar contra outros, como a Ucrânia, que promoverá um evento anti-Vladimir Putin.

Macri em busca de acordos comerciais

Para a Argentina, a cúpula do G-20 terá mais de um objetivo. Primeiro, melhorar a imagem do país para investidores estrangeiros.

A Casa Rosada avalia que alguns fatos deste ano, como o pedido de empréstimo de US$ 57 bilhões (R$ 219 bilhões) ao FMI e a confusão devido à falta de segurança na final da Copa Libertadores, mancharam a imagem do país.

Endividada e com o objetivo firmado com o FMI de chegar ao déficit fiscal zero em 2019, a Argentina necessita da "chuva de investimentos" que o presidente Mauricio Macri vem prometendo desde sua eleição, em 2015, e que nunca veio.

Por isso, Macri aproveitará a presença dos líderes para firmar vários acordos comerciais. Ele terá reuniões bilaterais com mandatários de 17 países. As principais serão com o próprio Trump, que acaba de liberar uma entrada maior de carne argentina no mercado americano e prometeu ao argentino uma campanha de incentivo para que empresas dos EUA invistam no país.

Outro encontro essencial para Macri será com Xi Jinping, quando serão assinados 40 tratados de comércio, transporte, ciência e energia e um "swap" de US$ 8,5 bilhões (R$ 32,7 bilhões).

Com o Reino Unido, Macri deve oficializar novos voos comerciais unindo o país às ilhas Malvinas (Falklands para os ingleses), embora a Argentina siga pedindo a soberania sobre o arquipélago.

Com Putin, Macri deve discutir a aproximação do Mercosul com o bloco liderado pela Rússia, e que inclui Belarus, Cazaquistão, Armênia e Quirguistão. Com Alemanha, Espanha e França, tentará acelerar o lento acordo do Mercosul com a União Europeia.

Macri também receberá a diretora do FMI, Christine Lagarde, para uma reunião sobre os resultados da ajuda que o fundo vem dando ao país.

Ainda para o governo argentino, o G-20 tem uma função política. Macri deve tentar a reeleição em outubro de 2019, e portanto uma cúpula exitosa diante das grandes potências do mundo pode fazer bem à sua imagem diante do eleitorado, mesmo que os números da macroeconomia estejam complicados.

A inflação deve terminar o ano em 40% e o peso perdeu 55% de seu valor desde o começo do ano.

Justiça argentina pede informações sobre MBS

O príncipe saudita Mohammed bin Salman (MBS) foi o primeiro líder estrangeiro a chegar a Buenos Aires para o encontro do G20. Ele foi recebido na manhã de quarta-feira (28) pelo chanceler argentino, Jorge Faurie. 

A Justiça argentina, por outro lado, pediu informes internacionais sobre a situação das investigações que envolvem o magnata. 

Nos últimos dias, a organização de direitos humanos Human Rights Watch apresentou uma denúncia à Justiça argentina e um pedido de detenção do líder saudita, por conta das acusações de abusos que teriam sido cometidos na intervenção militar de seu país no Iêmen e de seu suposto envolvimento na morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi, na embaixada deste país em Istambul, na Turquia. 

O pedido foi feito pelo promotor Ramiro González, para que a causa seja avaliada pelo juiz federal Ariel Lijo, responsável por apresentar uma resposta à denúncia. 

Segundo explicou González, "os informes pedidos têm como objetivo determinar o status do príncipe e da existência de processos em trâmite tanto na Arábia Saudita como na República do Iêmen". Isso definiria se o juiz federal tem competência para ditar algo sobre o assunto ou se o tema deve passar para a Corte Suprema, por conta de o príncipe possuir imunidade diplomática. 

Esse processo duraria alguns dias, o que poderia fazer com que o pedido fosse em vão, uma vez que o príncipe saudita deve deixar Buenos Aires no sábado (1º) à noite. 

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