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"Você é cidadão?"

Sob críticas, Trump quer incluir uma pergunta sobre cidadania no censo dos EUA

O presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca, Washington, 7 de julho
O presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca, Washington, 7 de julho (Foto: Alex Edelman / AFP)

"Você é um cidadão dos Estados Unidos?". O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem lutado para incluir esse pergunta no questionário do censo que será entregue em 2020 a todas as residências do país. Críticos dizem que a inclusão da questão é discriminatória e que vai desestimular a participação no levantamento tanto de imigrantes legais quanto de imigrantes não registrados, o que levaria a um resultado impreciso.

Os estados governados por democratas que têm grande população de imigrantes argumentam que a inclusão da questão vai resultar em cortes de recursos federais, já que menos pessoas participarão da contagem.

Uma pergunta como essa não aparece no questionário do censo americano desde 1950. A contagem da população é feita a cada dez anos e ajuda o governo a definir distritos para eleições estaduais e locais e guiar a distribuição de recursos federais - cerca de US$ 800 bilhões para escolas públicas, serviços de saúde, segurança e reparos em rodovias, entre outros.

Na terça-feira (2), o Departamento de Justiça anunciou que o governo Trump desistiria do plano de incluir a questão sobre cidadania no censo de 2020. Dias antes, a Suprema Corte do país havia descrito a justificativa para a questão como "artificial". Um tribunal baniu a inclusão da questão até que a Casa Branca oferecesse uma justificativa melhor para o pedido. Ativistas de direitos civis comemoraram a decisão.

Mas na sexta-feira (5), o governo Trump deu sinais de que não irá desistir do plano. Advogados do governo disseram que os Departamentos de Justiça e de Comércio foram "instruídos a examinar se há um caminho adiante" para a questão, e que se houver, eles fariam uma moção à Suprema Corte para tentar incluir a pergunta no questionário.

Uma nova equipe de advogados passou a ser responsável pelas questões relacionadas ao censo, disse uma porta-voz do Departamento de Justiça no domingo (7).

Os argumentos de Trump

Na sexta-feira, quando perguntado sobre o motivo da inclusão da pergunta no censo, Trump respondeu: "Bem, você precisa dela por muitos motivos. Em primeiro lugar, você precisa para o Congresso, para definir os distritos", disse o presidente.

Os distritos eleitorais são definidos com base na população total, para que cada membro do Congresso represente um número similar de pessoas, não importando se essas pessoas podem votar ou não - como no caso de crianças, não-cidadãos e alguns criminosos, segundo a CNN.

Além disso, Trump diz que esse é o tipo de questão que é perguntada em um censo. "Estamos gastando US$ 15 a 20 bilhões de dólares em um censo. Estamos fazendo tudo. Estamos descobrindo tudo sobre todo mundo. Pense nisso, US$ 15 a 20, e não somos autorizados a perguntar a eles 'você é um cidadão?'", disse o republicano, segundo a imprensa americana.

Apoiadores dizem que a questão está presente no censo de outros países e é recomendada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, disse nesta segunda-feira que que Trump quer "tornar a América branca novamente", por causa do seu plano de incluir a questão sobre cidadania no censo. "Sabe o boné dele? 'Torne a América branca novamente'. Eles querem se certificar que pessoas, certas pessoas, sejam contadas. É realmente vergonhoso e não é o que os nossos fundadores tinham em mente.

Pelosi disse que o objetivo do governo é ter um "efeito inibidor" para que certas populações não respondam ao censo.

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