"Diante de meu pai, o comandante Hugo Chávez, comandante supremo da revolução bolivariana, eu juro", disse Jorge Arreaza ao tomar posse como vice-presidente ante o caixão do sogro.
O local da solenidade, na última sexta-feira, e o uso da palavra "pai" dá a dimensão do peso do laço de família na ascensão de Arreaza, 39 anos, ao posto de novo número dois do governo da Venezuela.
Segundo o presidente interino, Nicolás Maduro, a nomeação para o cargo do também ministro da Ciência e Tecnologia e marido da filha de Chávez, Rosa Virgínia, foi uma "ordem" do mandatário.
Com o novo vice, Maduro sela pacto de importância real e simbólica com um dos herdeiros de Chávez vários da família têm cargos na estrutura estatal e exercem poderio político no Estado natal da família, Barinas.
"Juro como jurei ao comandante nos seus últimos minutos e segundos de vida, quando lhe pedi que fosse tranquilo", disse Arreaza.
Foi por esse acompanhamento direto de Chávez durante o tratamento que o novo vice-presidente deixou o perfil discreto e de acadêmico para ganhar ainda mais poder, por se tornar um dos porta-vozes oficiais sobre a saúde do esquerdista nos últimos três meses.
Tido como dedicado ao trabalho e disciplinado, Arreaza é parte de um setor de classe média alta que aderiu ao projeto chavista, assim como seu aliado Ricardo Menéndez, ministro para Indústrias.
Formado em Relações Internacionais pela UCV (Universidade Central da Venezuela), onde depois foi professor de Rosa Virgínia, e com mestrado na Inglaterra, é parente, por parte de mãe, de um inimigo do chavismo, o jornalista Alberto Ravell, de quem é afilhado.
Formação
Depois de apresentar um programa na tevê estatal, o novo vice ganhou de Chávez a tarefa de trabalhar na formação ideológica do PSUV, o partido chavista.
Em 2005, passou a dirigir o Fundayacucho, programa de bolsas estudantis do governo. Dois anos depois se casaria com Rosa Virgínia, com quem tem um filho. Tornou-se ministro de Ciência e Tecnologia em 2011, multiplicando aparições públicas na distribuição de minicomputadores a estudantes, um popular programa chavista.
"Jorge sempre foi um estudante e um professor dedicado e respeitado. Mas surpreende essa guinada ideológica. Não era seu perfil na universidade", diz o professor de Relações Internacionais da UCV Carlos Romero, crítico do chavismo.
Multidões
O presidente interino Nicolás Maduro convocou a militância chavista para transformar hoje a inscrição oficial de sua candidatura a presidente no CNE (Conselho Nacional Eleitoral) em seu primeiro ato de massas.
A campanha para a votação de 14 de abril já está na rua, principalmente nas longuíssimas filas de apoiadores que esperam horas para passar pelo corpo de Chávez, morto na terça e velado há seis dias na Academia Militar de Caracas.