O novo gabinete egípcio se reuniu pela primeira vez na quarta-feira sob pressão da Irmandade Muçulmana e de outros grupos para expulsar ministros ligados ao ex-presidente Hosni Mubarak.
A Irmandade e outros grupos políticos convocaram mais uma manifestação para sexta-feira, com a expectativa de levarem 1 milhão de pessoas à praça Tahrir, epicentro da revolução que derrubou Mubarak após 30 anos no poder.
O objetivo do ato será exigir um novo gabinete, o fim das leis de emergência em vigor há 30 anos e a libertação de presos políticos.
Em sua reunião, o gabinete discutiu a formação de um comitê para tratar de questões de diálogo nacional, policiamento, serviços do Ministério do Interior, detentos e da volta ao Egito de cidadãos retidos na turbulenta e vizinha Líbia.
Apesar da pressão, novas mudanças no Parlamento são improváveis, segundo fontes políticas.
O marechal Mohamed Tantawi, chefe da junta militar que assumiu o governo do país, deu posse na terça-feira a dez novos ministros. Alguns eram de oposição a Mubarak, mas pastas importantes, como Defesa, Interior, Relações Exteriores e Justiça, permaneceram com os mesmos titulares.
Preparando-se para as eleições prometidas pelos militares para dentro de seis meses, ativistas anunciaram na quarta-feira a formação de um novo partido político, a ser chamado "Egito Livre".
"O estabelecimento do partido ocorre dentro do marco e do desejo de fazer uma representação real para os jovens da revolução de 25 de janeiro durante o próximo período," disse o ex-diplomata Abdallah Alashaal na quarta-feira à agência estatal de notícias Mena.
O novo governo tem feito uma campanha anticorrupção, cujo alvo são autoridades do extinto regime.
Um ex-primeiro-ministro, um ex-ministro e oito empresários foram proibidos de deixar o país, e três outras pessoas foram apresentadas à Justiça, vestindo uniforme branco de presidiário.
São eles Zuhair Garana, ex-ministro do Turismo; Ahmed el-Maghrabi, ex-ministro do Turismo e da Habitação; e Ahmed Ezz, empresário e dirigente do Partido Democrático Nacional.
Outra prioridade do novo gabinete é fazer a nação voltar ao trabalho, encerrando os protestos e greves que afetam ainda mais a economia, já abalada pela turbulência da revolução que teve início em 25 de janeiro e derrubou Mubarak 18 dias depois.
A Bolsa egípcia, que fechou dois dias depois do início da revolta, anunciou que permanecerá sem atividades até a semana que vem.
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