O Haiti cedeu nesta quinta-feira (3) à pressão internacional e alterou os resultados do primeiro turno da eleição presidencial, excluindo o candidato governista por causa de fraudes.
O Conselho Eleitoral Provisório (CEP) informou que a ex-primeira-dama Mirlande Manigat e o músico Michel "Sweet Mickey" Martelly deverão disputar o segundo turno no dia 20 de março.
O resultado preliminar do caótico primeiro turno, em 28 de novembro, havia apontado o tecnocrata Jude Celestin, candidato do presidente René Préval, como segundo colocado.
O mandato de Préval termina na segunda-feira, mas ele tem aval parlamentar para permanecer se necessário até 14 de maio, para que possa entregar o cargo ao sucessor eleito.
A alteração no resultado do primeiro turno evitou um confronto entre as autoridades do Haiti e a Organização dos Estados Americanos (OEA), cujos especialistas haviam apontado irregularidades no primeiro turno. Doadores ocidentais, inclusive os EUA, vinham pressionando Préval e o CEP a aceitarem as recomendações da OEA.
Em dezembro, após o anúncio dos resultados preliminares, partidários de Martelly provocaram distúrbios, e havia temores de que a violência se repetisse no Haiti, país mais pobre das Américas. Em 2010 um terremoto matou cerca de 300 mil pessoas no Haiti, que agora enfrenta uma epidemia de cólera.
Ao anunciar o resultado final nesta quinta-feira, o CEP não indicou o percentual de cada candidato no primeiro turno, apenas suas posições. Sabe-se no entanto que Manigat, de 70 anos, ficou aquém dos 50 por cento necessários para evitar o segundo turno.
"(O anúncio de) hoje não é um presente, lutamos por ele", disse Martelly numa entrevista coletiva. "Finalmente o conselho eleitoral ouviu a voz da população. Os resultados acompanham o desejo do povo haitiano, que votou por Manigat e Martelly", afirmou ele.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também elogiou a decisão do CEP, dizendo que ela abre perspectivas de avanço no processo eleitoral,
"É da maior importância para o Haiti ter um novo governo democraticamente eleito para continuar a lidar com as prementes questões da recuperação (pós-terremoto)", disse um porta-voz do dirigente da ONU.
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