Libertação
Presos serão deportados para três países
Alguns dos presos palestinos que devem ser libertados pelas autoridades de Israel hoje serão deportados ao Catar, Turquia e Síria, segundo o jornal egípcio Al-Hayat.
A publicação cita o vice-presidente do escritório político do movimento palestino Hamas, Moussa Abu Marzuk, que indicou três países que aceitaram acolher os presos.
Marzuk viajou ontem ao Cairo para acompanhar o líder do movimento, Khaled Meshaal, e saudar os presos deportados antes que deixem o Egito com destino aos países que os acolherão.
O dirigente palestino acrescentou que o primeiro-ministro do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, receberá das autoridades egípcias os presos que voltarão a Gaza na fronteira de Rafah. Já o presidente da Autoridade Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, receberá os presos restantes na Cisjordânia.
Todos os preparativos se desenvolvem com a supervisão do Egito e a cooperação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, afirmou o jornal.
A rede de televisão britânica BBC divulgou ontem que Tawfic Abdallah, marido da brasileira Lamia Maruf, um dos mil prisioneiros palestinos que serão libertados em troca do soldado israelense Gilad Shalit, virá morar no Brasil assim que for autorizado.
O nome de Abdallah faz parte da lista oficial, divulgada no domingo por Israel, dos 477 prisioneiros palestinos que serão os primeiros a serem libertados em troca de Shalit.
Um israelense em troca de 1.027 palestinos. Resumido à frieza dos números, esse é o acordo previsto para ser implementado hoje, depois de anos de tortuosas negociações entre Israel e seu maior inimigo, o grupo palestino Hamas.
Na realidade do conflito, porém, a troca é cercada de altíssima carga emocional, além de um impacto político que ambos os lados tentarão capitalizar a seu favor.
Ontem, a Suprema Corte de Israel rejeitou os quatro recursos contra o acordo apresentados por parentes de vítimas de terrorismo. Assim, foi removido o último obstáculo legal para a libertação do soldado israelense Gilad Shalit, 25 anos, mantido como prisioneiro do Hamas desde junho de 2006.
Em troca, Israel colocará em liberdade 477 prisioneiros nesta terça-feira, e os demais 550 numa segunda etapa, provavelmente dentro de dois meses.
Mais da metade dos palestinos que serão libertados hoje haviam sido condenados a prisão perpétua.
Tensão
A tensão acumulada desde que o acordo foi anunciado pelo premiê israelense, Benjamin Netanyahu, explodiu ontem nos corredores da Suprema Corte, quando parentes de vítimas confrontaram aos gritos o pai de Gilad Shalit, Noam.
A presidente do Supremo, Dorit Beinish, admitiu que o acordo porá em liberdade "assassinos vis, cujas mãos estão sujas com o sangue de centenas de vítimas". Mas explicou que o acordo estava acima do Poder Judiciário.
"A solução para os casos apresentados aqui, que envolvem considerações de segurança nacional, assim como de ética e moral, está nas mãos do governo eleito."
Obrigação
Ontem, o premiê Netanyahu enviou uma carta aos parentes de vítimas de terrorismo, em que manifestou simpatia por sua revolta, mas justificou que sua obrigação era "trazer para casa todo soldado enviado para proteger nossos cidadãos".
O acordo para a libertação do soldado dever render pontos na popularidade do premiê.
Segundo pesquisa encomendada pelo jornal Yediot Ahronot, 79% dos israelenses aprovam a troca.
Pelo cronograma, Shalit será libertado hoje pela manhã (madrugada no Brasil) e entregue a um representante da Cruz Vermelha. Em seguida Israel libertará 27 prisioneiras palestinas.