Atenas - Em meio a um dos dias mais conturbados desde o início da crise, o Parlamento da Grécia aprovou ontem um novo plano de austeridade que prevê uma economia de até 28,3 bilhões de euros (R$ 63 bilhões) aos cofres públicos por meio de cortes de gastos e aumento de impostos até 2015. Nas ruas, milhares de jovens atearam fogo a prédios públicos em violentos protestos.
Ao menos 192 manifestantes foram tratados em hospitais locais por problemas respiratórios em função das bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia. Outros 25 jovens ficaram feridos e ao menos 40 policiais sofreram ferimentos leves.
Concentrados na Praça Syntagma (Constituição, em grego), os manifestantes atearam fogo a uma agência de correios e atacaram também a sede do Ministério das Finanças, localizados na região. Um hotel de luxo no entorno do local decidiu retirar todos os hóspedes. Os bombeiros disseram que não poderiam conter o fogo.
Num voto apertado, o pacote foi aprovado com 155 votos a favor, 138 contra e 7 abstenções ou faltas. O governo precisava de uma maioria simples, de 151 dos 300 votos da Casa. Membros da oposição questionaram se o governo tem condições de arcar com as consequências das medidas para a sociedade.
Os cortes eram exigidos para que a quinta parcela no valor de 12 bilhões de euros de um pacote de 110 bilhões de euros fosse liberada para o país. Um segundo pacote de 110 bilhões de euros já foi solicitado pelo governo grego.
O recém-nomeado ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, defendeu a repressão aos protestos e saudou os cortes que possibilitam a continuidade do resgate financeiro negociado com a União Europeia (UE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE).
A aprovação era esperada pelo mercado financeiro, em especial o europeu, que acompanhou o voto com atenção e preocupação caso as medidas não fossem aprovadas, a Grécia não receberia o dinheiro necessário para evitar um calote da dívida que afetaria toda a zona do euro e que poderia chegar tão cedo quanto mês que vem.
O pacote era defendido há meses pelo governo, que enfrentou greve geral, manifestação e violência nas ruas de Atenas contra os novos cortes.
O premiê grego, Georges Papandreou, se comprometeu a fazer todo o possível para evitar o impacto da dívida do país.
"Faremos tudo para evitar ao país o que supõe a bancarrota", declarou, ao recordar o risco de que, neste caso, não poderiam ser pagos salários ou aposentadorias.