Subiu para 12 o número de mortos após forças de segurança abrirem fogo nesta sexta-feira (24) contra milhares de manifestantes contrários ao governo que tomaram as ruas da Síria, num ritual semanal de desafio ao presidente Bashar Assad, para pedir a saída dele do poder.
Quatro vítimas estavam em Barzeh, um distrito de Damasco, a cinco quilômetros do centro, informou o ativista de direitos humanos Mustafa Osso. Segundo ele, todas as vítimas foram alvo de armas das forças de segurança. Mas a televisão estatal disse que homens armados não identificados abriram fogo contra as forças de segurança e civis, matando três civis e ferindo vários agentes.
Outras três mortes aconteceram em al-Kasweh, subúrbio de Damasco e quatro em Homs, cidade da região central do país, disse Omar Idilbi, integrante dos Comitês de Coordenação Locais, que acompanham os protestos sírios. Manifestantes de várias outras províncias também foram alvo de disparos, mas ainda não há informações sobre vítimas, informou Idilbi.
Segundo o comitê, dentre os mortos há um menino de 12 anos, Rateb al-Orabi, morto quando forças de segurança dispararam contra manifestantes no bairro de Shammas, em Homs, e um menino de 13 anos em al-Kasweh. A repressão militar não conseguiu silenciar o movimento pró-democracia que já dura mais de cem dias. Milhares de pessoas foram para as ruas em Amouda e em Qamishli, no nordeste do país, e em outras províncias, informou o ativista de direitos humanos Mustafa Osso. Há relatos de forte presença militar em várias localidades.
Refugiados
Os protestos, que acontecem a cada sexta-feira após as orações muçulmanas, ocorrem enquanto refugiados sírios continuam a atravessar a fronteira para a Turquia em busca de abrigo. Mais de 1.500 pessoas cruzaram a fronteira apenas ontem, elevando o número de refugiados no país vizinho para mais de 11.700.
As críticas internacionais a Damasco aumentam. A União Europeia (UE) anunciou ontem a aplicação de novas sanções contra o regime sírio e a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, advertiu Damasco a retirar suas tropas da fronteira com a Turquia, onde há crescentes temores sobre possíveis confrontos com forças turcas.
Osso disse que recebeu informações de moradores que uma grande quantidade de tropas foi enviada para a fronteira com a Turquia e estabeleceu postos de verificação. Segundo ele, todas as pessoas que ainda estavam no lado sírio da fronteira fugiram para a Turquia. "As poucas que não foram detidas", disse ele, afirmando que cem pessoas foram presas nos últimos dois dias. Antecipando o êxodo da segunda maior cidade da Síria, Aleppo, autoridades turcas estão montando um sexto campo de refugiados com 800 barracas perto da fronteira.
A oposição síria diz que 1.400 pessoas foram mortas pelas forças do governo, que responsabiliza conspiradores estrangeiros e bandidos pelo levante. Os manifestantes negam qualquer influência externa em seu movimento. As autoridades detiveram 10 mil pessoas desde o início das manifestações. As informações são da Associated Press.