Israel atacou o aeroporto de Beirute e bloqueou portos libaneses nesta quinta-feira, intensificando as represálias que já mataram 52 civis desde que combatentes do Hezbollah libanês capturaram dois soldados israelenses e mataram outros oito no dia anterior.
Guerrilheiros do Hezbollah lançaram pelo menos 70 foguetes no norte de Israel, no que está sendo considerado seu ataque mais pesado em uma década. Duas mulheres morreram e 42 ficaram feridas, disseram médicos israelenses. Moradores do norte de Israel receberam ordens de irem para abrigos antibombas.
Essa é a pior onda de violência entre Israel e o Líbano desde 1996, quando tropas israelenses ainda ocupavam parte do sul do país árabe, e coincide com uma grande ofensiva israelense na Faixa de Gaza para recuperar um soldado capturado e acabar com disparos de foguetes palestinos.
Apesar da escalada no Líbano, Israel não deu sinais de arrefecer seu ataque a Gaza, bombardeando o gabinete do ministro das Relações Exteriores palestino, Mahmoud al-Zahar. Pelo menos 24 palestinos foram mortos em Gaza na quarta-feira.
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, expressou preocupação com o destino do governo anti-Síria do Líbano, mas não chegou a criticar a ofensiva israelense.
- Israel tem o direito de se defender - disse ele na Alemanha. - Mas o que Israel fizer não deve enfraquecer... o governo no Líbano.
O Ministro da Informação libanês Ghazi al-Aridi disse, depois de uma reunião emergencial de gabinete, que o Líbano queria um cessar-fogo abrangente e um fim a "essa agressão aberta" de Israel.
BLOQUEIOS NO AR E MAR
Na manhã desta quinta-feira aeronaves israelenses bombardearam pistas do aeroporto internacional Rafik al-Hariri, em Beirute, forçando o desvio dos vôos para o Chipre.
Um porta-voz militar israelense anunciou um bloqueio naval de portos libaneses, dizendo que eram usados para transferir "terroristas e armas a organizações terroristas que operam no Líbano".
Um oficial israelense disse à Reuters que os bloqueios marítimos e aéreos seriam mantidos por vários dias.
- Não devemos considerar isso uma questão de dias - disse o brigadeiro general Amir Eshel. - Esse bloqueio vai durar enquanto durar o conflito.
Ataques aéreos contra o sul do Líbano durante a madrugada mataram pelo menos 50 civis, incluindo mais de 15 crianças, e feriram 100 pessoas, disseram fontes de segurança. Dez membros de uma mesma família foram mortos na aldeia de Dweir, e sete parentes morreram em Baflay.
Um soldado do Exército libanês também foi morto. Ataques aéreos israelenses na quarta-feira mataram dois civis e um combatente do Hezbollah. Mais de 20 pontes foram destruídas.
A mídia israelense disse que as Forças Armadas de Israel havia advertido o Líbano a retirar todos os moradores da área ao sul de Beirute onde se acredita que o líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, vive.
O Hezbollah ameaçou bombardear a cidade de Haifa, a terceira maior de Israel, se o Beirute ou a área ao sul da cidade forem atacadas.
A França criticou a campanha de Israel no Líbano, incluindo o ataque contra o aeroporto, que chamou de "ato de guerra desproporcional".
Chanceleres árabes vão se reunir no Cairo no sábado para discutir os ataques israelenses ao Líbano e aos territórios palestinos, disse a Liga Árabe.
O Hezbollah, que tem apoio do Irã e da Síria, disse que disparou 60 foguetes contra Nahariya "em resposta aos massacres de civis no sul e aos ataques contra a infra-estrutura".
O serviço de ambulâncias Magen David Adom de Israel disse que uma mulher de 40 anos foi morta quando um foguete atingiu sua casa.
A violência afetou os mercados financeiros em Israel e no Líbano, com investidores preocupados com uma piora da tensão, ou com envolvimento da Síria.
O shekel israelense perdeu quase dois por cento em relação ao dólar no início do dia. Ações israelenses também abriram com mais de 3% de queda, depois de mais de 4% de perda na quarta-feira.
A pressão sobre a libra libanesa aumentou. As ações em Beirute entraram em pânico de vendas e a maior empresa do Líbano, a Solidere, perdeu 15%, o máximo permitido.
Duas horas depois do ataque ao aeroporto, um helicóptero disparou um míssil contra a sede do canal de TV do Hezbollah, o Al Manar, no subúrbio de Haret Hreik, em Beirute, ferindo seis pessoas. Um dos feridos é empregado do canal, disse o diretor. O prédio, que fica no bairro xiita onde líderes do Hezbollah também têm escritórios, sofreu danos leves.
Depois, aeronaves de Israel atacaram uma torre de transmissão do Al Manar ao sul de Baalbek, no leste do Líbano, matando uma pessoas e ferindo quatro, disseram testemunhas.
Israel prometeu uma resposta "muito dolorosa" depois que o Hezbollah sequestrou dois soldados e matou oito na quarta-feira.
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