Capitão do navio sul-coreano reconhece ter demorado a evacuação
O capitão do navio sul-coreano naufragado com 273 desaparecidos foi preso e reconheceu neste sábado (19) que demorou a evacuação devido às condições adversas do mar e a ausência de embarcações de resgate. "Pensei que os passageiros seriam arrastados ao mar em caso de ser evacuados precipitadamente", declarou Lee Joon-seok, de 69 anos, para as televisões sul-coreanas após sua detenção.
O número de mortos no naufrágio da embarcação sul-coreana Sewol aumentou nesta segunda-feira (data local) para 64 depois que esta manhã foram recuperados os corpos de outros cinco passageiros, enquanto continuam as operações de busca de 238 desaparecidos.
Os últimos cadáveres recuperados do interior do navio que afundou na quarta-feira passada, que ainda não foram identificados, foram localizados no quarto andar onde viajavam a maioria dos 325 estudantes de bacharelado, informou a rede de televisão "Arirang".
As operações de resgate continuam nesta segunda (21), depois que os mergulhadores trabalharam toda a noite para tentar encontrar dentro da embarcação os desaparecidos, enquanto as esperanças de achar alguém com vida praticamente desapareceram.
Espera-se que aconteçam mais avanços nas operações de resgate, já que o tempo é propício e as ondas são suaves.
Acidente
Mais de 244 pessoas, a maioria delas estudantes do ensino médio que estavam em uma viagem de férias, estão desaparecidas. Apenas 174 sobreviveram ao acidente, que revoltou e deixou em desespero milhares de parentes e amigos do grupo de alunos. O capitão da balsa segue preso acusado de negligência e abandono de pessoas em perigo. Dois outros membros da tripulação também foram detidos.
Em uma última ligação telefônica para a irmã mais velha, Kim Dong-Hyup, um aluno de 16 anos, prometeu que sairia com vida da balsa. Após quatro dias, a família acredita que Kim continua vivo. "Sempre foi um garoto voluntarioso. Estou convencido de que se salvará de um jeito ou outro", disse o pai, Kim Chang-Gu, de 46 anos.
A recuperação do navio vai levar pelo menos dois meses. Segundo as autoridades do país, as condições no local são muito ruins, dificultando o trabalho dos mergulhadores que buscam pelos corpos dos cerca de 240 desaparecidos. Outras 174 pessoas foram resgatadas com vida.
Enquanto isso, o capitão do navio, Lee Joon-seok, defendeu sua decisão de adiar a saída dos passageiros da embarcação. Lee ordenou que todos permanecessem em seus assentos por mais de 40 minutos depois que a barca ficou imobilizada por causas ainda desconhecidas. Quando o navio começou a afundar, porém, já era muito tarde e os passageiros não conseguiam avançar pelos corredores inclinados, ao mesmo tempo que a água tomava a embarcação.
Segundo Lee, detido neste sábado (19) junto com outros dois integrantes da tripulação sob acusações de negligência e falhas na segurança dos passageiros, uma violação do código marítimo, as condições do mar estavam muito ruins e não havia navios próximos que poderiam resgatar os passageiros. "Naquele momento (durante os 40 minutos posteriores ao possível choque com o fundo do mar ou um objeto submerso), os barcos de emergência não haviam chegado. Também não havia pesqueiros ou quaisquer outros barcos que pudessem nos ajudar", declarou o capitão às redes de TV locais com a cabeça abaixada e coberta por um capuz. "As correntezas eram fortes e a água estava muito fria. Pensei que os passageiros seriam arrastados e teriam problemas se a retirada acontecesse em desordem, sem coletes salva-vidas. E teria acontecido o mesmo se estivessem com coletes."
O capitão, de 69 anos, tem sido muito criticado por ter abandonado o navio enquanto centenas de pessoas, em sua maioria adolescentes em viagem escolar, permaneciam presas a bordo. A terceira imediata do navio, Park Han-gyeol, de 26 anos, e timoneiro Cho Joon-ki, de 55, também foram detidos, e cada um enfrentará três acusações, de acordo com a agência de notícias Yonhap.
O acidente ocorreu quando a tripulação manobrava. O promotor Yang Jung-jin disse que os investigadores tentam descobrir se a terceira imediata ordenou um movimento tão forte que levou o navio a tombar. Yang acrescentou que Lee não estava na ponte quando o Sewol passava por uma área com muitas ilhas próximas, mesmo com a lei exigindo que o capitão esteja na ponte em tais situações para ajudar a tripulação.
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