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acidente aéreo

Sobrevivente de queda de avião na cordilheira dos Andes lança livro

Aeronave caiu numa sexta-feira 13, nos Andes argentinos, quando levava o time de rugby do Uruguai “Velhos Cristãos”. | Reprodução/Facebook
Aeronave caiu numa sexta-feira 13, nos Andes argentinos, quando levava o time de rugby do Uruguai “Velhos Cristãos”. (Foto: Reprodução/Facebook)

Quatro homens jovens – congelando de frio, famintos e lutando para sobreviver – se debruçaram sobre seu amigo morto armados com lâminas de barbear e cacos de vidro. Eles cortaram as roupas do amigo. E então sua carne.

“Nunca me esquecerei daquela primeira incisão, nove dias depois do acidente”, escreve Roberto Canessa, sobrevivente do avião que caiu na cordilheira dos Andes em 1972, em seu novo livro, I had to Survive (Tinha que sobreviver), ainda sem tradução para o português.

“Pusemos as finas fatias de carne congelada em uma chapa de metal e as deixamos de lado. Cada um de nós as consumiu finalmente quando pode suportar fazê-lo”, escreve. Cercados de morte, eles tomaram a decisão de viver. “Cada um dos nós chegou à sua própria decisão em seu próprio tempo. E, assim que a tomamos, era irreversível. Era nosso último adeus à inocência.”

Era uma sexta-feira, 13 de outubro de 1972, quando o avião uruguaio que levava o time de rugby “Velhos Cristãos”, seus familiares e amigos, caiu nos Andes argentinos, próximo à fronteira com o Chile. Após dois meses, 16 sobreviventes foram resgatados – e se tornaram inspiração para diversos documentários, filmes e livros, sendo o mais famoso deles o filme de 1993 Vivos, baseado em um livro de mesmo nome.

Novo livro

O livro de Canessa será lançado em 1.º de março. No texto, ele lembra momentos que o assombram – aquele em que o avião começou a mergulhar e ele se segurou em seu assento com tamanha força que “arranquei pedaços do estofamento com minhas próprias mãos”. Aquele em que uma avalanche o soterrou e seu amigo começou a “remover freneticamente punhados de neve para longe da minha boca”. Ou aquele em que eles ouviram em seu rádio de transístor que a busca por eles havia sido encerrada.

Mas, ao que parece, o declínio para o canibalismo foi o mais difícil de suportar. “Eu saía na neve e rezava a Deus por orientação. Sem o Seu consentimento, sentia que estaria violando a memória de meus amigos; que estaria roubando suas almas.”

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