Sobreviventes do terremoto no leste da Turquia pediram mais tendas nesta quinta-feira, temendo morrerem por causa do frio após o terremoto que matou pelo menos 523 pessoas e deixou milhares dormindo ao relento.
Alguns culparam o partido governista AK pela lenta resposta e acusaram funcionários de entregar ajuda a seus partidários, depois de ficarem horas em longas filas apenas para serem informados que não havia mais tendas. Outros disseram que aproveitadores estavam acumulando barracas e as revendendo.
"Todo mundo está ficando doente e molhado. Estamos esperando na fila por quatro dias deste jeito e nada ainda. Chega a nossa vez e eles dizem que estão esgotadas", disse Fetih Zengin, 38, um agente imobiliário cuja casa foi gravemente danificada em Ercis, cidade de 100 mil habitantes duramente atingida pelo terremoto de domingo, de magnitude 7,2.
O número de mortos subiu para 523, com 1.650 feridos no maior terremoto em mais de uma década na Turquia. A Administração de Emergências e Desastres disse que 185 pessoas haviam sido resgatadas com vida dos edifícios que desabaram desde o terremoto.
As buscas por sobreviventes continuaram em alguns locais, mas em outros equipes de resgate pararam de trabalhar. Os corpos de uma mãe e seu bebê foram retirados de um prédio durante a noite, disseram testemunhas. Vários países responderam ao apelo da Turquia por ajuda para fornecer tendas, casas pré-fabricadas e contêineres.
A imprensa turca disse que casas pré-fabricadas enviadas por Israel, apesar das más relações entre os dois países, estavam sendo transportados para a cidade de Van nesta quinta-feira.Saques
No centro de Ercis, longas filas de pessoas esperavam por barracas na lama e na chuva fria. Caiu neve durante a noite nas montanhas e muitos disseram temer o inverno.
As operações de busca terminaram na cidade de Van. O governador da província, Munir Karaloglu, disse que apenas seis edifícios desabaram na cidade, enquanto muitos outros foram destruídos em Ercis.
Um terremoto de magnitude 5,4 atingiu a região na manhã desta quinta-feira, mas não houve relatos imediatos de danos adicionais.
Em um armazém em Van, cerca de 100 pessoas saquearam caminhões do Crescente Vermelho que carregavam alimentos, cobertores, tapetes e roupas, com um número pequeno de policiais sendo insuficiente para detê-los.
"O verdadeiro saqueador é o partido AK. A ajuda recebida na Van é entregue às famílias dos funcionários públicos e policiais. As pessoas comuns não recebem nada", disse um idoso à Reuters.
Autoridades locais negam tais acusações.
O governador Karaloglu disse que, até quarta-feira, 20.000 tendas haviam sido entregues, acrescentando que era muito mais do que o necessário.
O vice-prefeito, Bozbay Cahit, um membro do partido pró-curdo Paz e Democracia, fez uma avaliação muito mais pessimista e criticou o gabinete do governador por não trabalhar com os funcionários.
Ele disse que metade dos edifícios em Van tinha sido danificado, ficando os moradores sem opção a não ser dormir fora.
"Estamos com escassez de tendas. É um grande problema. Falta suprimentos, mas, honestamente, a organização que entrega ajuda também é problemática", disse Bozbay.
O Crescente Vermelho turco, que agiu rapidamente para fornecer refúgio para os sírios fugindo da violência em sua terra natal este ano e enviou ajuda às vítimas de guerra e fome na Somália, foi responsabilizado por alguns por falta de organização neste desastre.
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