Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
PROTESTO

Sobreviventes de tiroteio lideram marcha gigante por controle de armas nos EUA

“Meus estudantes são mais importantes que suas armas”, diz cartaz de professora na Marcha por Nossas Vidas, em Washington. | EVA HAMBACH/AFP
“Meus estudantes são mais importantes que suas armas”, diz cartaz de professora na Marcha por Nossas Vidas, em Washington. (Foto: EVA HAMBACH/AFP)

O adolescente Jaime Martinez, 15, só conhece as grandes manifestações da década de 1960 pelos livros de história. Mas tem certeza de que elas se parecem com o que viveu neste sábado (24), em Washington – quando milhares de pessoas se reuniram para pedir o controle de armas nos EUA. “Estamos fazendo história”, disse, comparando o evento às passeatas pela extensão dos direitos civis e pelo fim da Guerra do Vietnã.

Liderada por estudantes que sobreviveram ao tiroteio numa escola da Flórida, a marcha elegeu como alvo o banimento dos fuzis automáticos – e pediu o engajamento dos jovens pelo voto. “Temos uma voz e vamos tomar posição sobre as armas”, disse Brennen Amonett, 20, do Kentucky. Em seu cartaz, um punho fechado se seguia à frase: “Nós iremos votar”. Voluntários promoviam o registro de estudantes para a eleição do fim do ano, quando serão eleitos novos congressistas.

A chamada Marcha por Nossas Vidas ocorre em pelo menos 837 cidades dos Estados Unidos e mais quase 40 países.

Em Washington, horas antes do início do evento, marcado para as 13h de Brasília, a avenida Pennsylvania, a poucas quadras da Casa Branca, já estava lotada. Donald Trump – criticado pela sugestão de armar professores, mas elogiado por propor o banimento, na véspera, dos “bumpstocks”, que aceleram o disparo de tiros em uma arma comum – não estava na cidade, mas sim no Trump Internacional Golf Club, na Flórida.

Estudantes formavam a maioria do público, mas havia até mesmo republicanos, donos de armas ou habituais caçadores. “Cresci atirando em latinhas no sítio do meu avô”, contou Don Street, 66, do Wisconsin. O cartaz que carregava pedia o fim da venda de cartuchos de alta capacidade, uma demanda dos manifestantes.

Muitos adolescentes participavam pela primeira vez de um protesto e falavam dos treinamentos contra tiroteios que são obrigados a fazer desde crianças nas escolas. “Nunca me posicionei por nada antes, mas isso me pareceu simplesmente a coisa certa a fazer”, disse Sarah Holloway, 22, do Kentucky.

Muitas crianças marchavam com os pais, como as irmãs Maggie Perry-Moffit, 4, e Ally, 7. A primeira escolheu o desenho de um cocô para criticar as armas. A segunda dizia em seu cartaz: “Gosto de unicórnios, não de armas”.

Os alunos da escola Marjory Stoneman Douglas, onde ocorreu o ataque de fevereiro, eram identificados por moletons de cor vinho. Recebiam abraços frequentes. “Isso se tornou muito maior que nós”, disse a estudante Karen Villancio, 15, sobrevivente. “Só espero que nunca mais aconteça.”

Casa Branca elogia jovens

A Casa Branca divulgou no sábado uma declaração elogiando os jovens que participam das manifestações. “Aplaudimos os muitos corajosos jovens americanos que exercem seus direitos da Primeira Emenda”, disse a porta-voz da Casa Branca, Lindsay Walters, em comunicado. “Manter nossas crianças seguras é uma das prioridades do presidente”, acrescentou.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.