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Lisboa - A batalha para as eleições legislativas de hoje em Portugal se anuncia acirrada entre os socialistas no poder e a oposição de centro-direita. De acordo com as últimas pesquisas, o Partido So­­cialista (PS), de José Sócrates, derrotado nas eleições europeias de junho, conta com uma leve vantagem sobre o Partido Social De­­mocrata (PSD) de Manuela Fer­­reira Leite, mas ainda está longe da maioria absoluta conquistada em fevereiro de 2005 com 45% dos votos e 121 dos 230 deputados no Parlamento.

O PS, que reuniria, segundo as pesquisas, entre 32,9% e 38% das intenções de voto, teria pelo me­­nos três pontos de vantagem so­­bre o PSD, enquanto a esquerda antiliberal poderia superar os 18%. Juntas, as duas formações da direita parlamentar, PSD e CDS, ficariam abaixo dos 40%.

Durante a campanha, Sócra­­tes tentou dar uma tonalidade mais esquerdista a seus discursos para tentar reconquistar um eleitorado que lhe infligiu um sério revés nas últimas eleições europeias. Contrariando as projeções dos institutos de pesquisa, o PS obteve naquelas eleições 26,5% dos votos, ficando atrás do PSD (31,7%) e perdendo mais de 18 pontos em relação ao resultado de 2005.

Muito criticado pelas reformas estruturais que impôs, o chefe do governo socialista defendeu sua política de austeridade orçamentária, que segundo ele permitiu a Portugal "resistir melhor" à crise econômica mundial.

Criticado por seu balanço so­­cial, ele prometeu transformar a questão do emprego em sua prioridade, num momento em que o país acaba de superar a marca de 500 mil desempregados.

"A escolha é entre o PS e a di­­reita, entre eu e Manuela Ferreira Leite", afirmou Sócrates diversas vezes durante a campanha, recusando-se a se pronunciar sobre eventuais cenários após as eleições.

Para a maioria dos analistas, o clima polêmico que pairou sobre a campanha torna pouco provável a formação de uma coalizão entre os dois partidos do governo.

Apelidada de "Dama de Fer­­ro", Ferreira Leite descartou categoricamente a formação de um "bloco central" com o PS. Denun­­ciando o peso do Estado na economia e na sociedade, ela utilizou a "asfixia democrática" im­­posta, segundo ela, pela maioria absoluta socialista, como principal argumento de campanha.

Comunistas e movimentos de extrema esquerda já descartaram participar de um governo dirigido por Sócrates, símbolo se­­gundo eles da deriva liberal do PS.

"O cenário pós-eleitoral mais plausível é um governo socialista minoritário negociando acordos parlamentares um após o outro", declarou à AFP o analista político Antônio Costa Pinto.

Porém, destacou, "qualquer que seja o vencedor da eleição, existe um risco real de ‘ingovernabilidade’, sobretudo na hora de aprovar o orçamento".

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