O Partido Socialista da Catalunha (PSC), liderado por Salvador Illa, venceu neste domingo (12) as eleições regionais catalãs, nas quais os partidos que defendem a independência em relação à Espanha perderam a maioria absoluta parlamentar que tinham com a soma de seus assentos.
O PSC conquistou 42 cadeiras de deputado, e o partido pró-independência Junts, liderado pelo ex-presidente regional Carles Puigdemont, ficou em segundo, com 35, três a mais do que no pleito anterior, de 2021.
O atual partido governista, o também pró-independência Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), sofreu um grande revés, perdendo 13 cadeiras e ficando com 20.
"Nova etapa"
Com os resultados, Illa anunciou a intenção de costurar acordos no Parlamento regional para formar o novo governo catalão e abrir uma "nova etapa" após o convulsivo processo de independência iniciado em 2017 com um referendo unilateral que culminou em derrotas na justiça espanhola e na condenação de líderes como Puigdemont, que fugiu do país para não ser preso.
Em discurso para apoiadores, Illa afirmou que esta é a primeira vez na história que o PSC ganha uma eleição catalã tanto em número de votos como em cadeiras parlamentares.
"Os catalães decidiram que cabe ao PSC liderar essa nova etapa. Anuncio que assumo essa responsabilidade e que, assim que o novo Parlamento for constituído, manifestarei minha disposição de apresentar minha candidatura (para presidir o governo regional)", disse.
O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), parabenizou o aliado pelo "resultado histórico" e disse que "a partir de hoje começa uma nova etapa na Catalunha".
Por sua vez, Puigdemont afirmou que o movimento pró-independência está em condições de "construir um governo sólido, de obediência puramente catalã", apesar de ele ter ficado em segundo lugar.
Puigdemont, foragido da Espanha pela tentativa de secessão de 2017, compareceu à sede eleitoral do Junts em Argelès-sur-Mer, na França, onde vive desde abril, após ficar anos na Bélgica, e estendeu a mão à ERC para "reconstruir pontes" e refletir sobre a "desunião" do movimento pró-independência.
O candidato do Junts destacou que ainda faltam muitos dias para encontrar uma estratégia que "evite a repetição das eleições" - o que ocorreria se Illa, ele ou outro líder partidário não costurar uma aliança que reúna a maioria no Parlamento. Ele afirmou que um governo tripartite (entre PSC, ERC e a plataforma de esquerda Comuns Sumar, que teria assentos suficientes) "com uma maioria tão justa" seria "uma má opção" para a Catalunha.
Por sua vez, Aragonés se comprometeu a trabalhar na oposição.
Os 20 deputados da ERC podem ser decisivos para a formação de uma coalizão de esquerda - apesar das divergências sobre a questão da independência - ou para um apoio a Illa sem entrar no governo com ele, já que o movimento pró-independência como um todo perdeu a maioria parlamentar em relação à atual legislatura.
O Partido Popular (PP), segundo maior no Parlamento da Espanha e que ficou em último lugar nas eleições da Catalunha de 2021, obteve desta vez 12 cadeiras em relação ao último pleito e chegou a um total de 15, ficando em quarto lugar. Em seguida aparece o Vox, de direita, que manteve o resultado de três anos atrás (11 cadeiras).
O partido de esquerda Comuns Sumar obteve seis assentos no Parlamento regional (tinha oito), e o pró-independência CUP conseguiu quatro (cinco a menos que em 2021). Já a Aliança Catalã, partido pró-independência de direita, obteve dois assentos.
ROUBO DE CABOS DE COBRE
O dia da eleição foi marcado pela paralisação dos trens locais, o meio de transporte de muitos catalães, devido a um roubo de cabos de cobre que o Ministério dos Transportes da Espanha atribuiu a um ato "intencional".
O comparecimento às urnas foi de cerca de 58% dos eleitores, cerca de quatro pontos percentuais a mais do que nas eleições anteriores, que foram realizadas em meio à pandemia de covid-19. (Com Agência EFE)
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