Soldados do governo da Somália chegaram às cercanias da capital do país, Mogadíscio, em um comboio com vários veículos militares, depois da fuga de seus inimigos islâmicos.

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- As pessoas saúdam e acenam com flores para os soldados - disse à Reuters o morador Abdikadar Abdulle, acrescentando que as tropas passaram pela Universidade Nacional da Somália.

O deputado somali Mohamed Jama Fuuruh confirmou à Reuters por telefone, do porto da cidade, que o "governo conquistou Mogadíscio; agora estamos no comando''.

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Já Abdirahman Dinari, porta-voz do governo, foi mais cauteloso.

- Estamos assumindo o controle da cidade e vamos confirmar quando tivermos estabelecido o controle completo.

Antes, ele havia dito que tropas etíopes e somalis controlavam as principais rotas de acesso à capital e que em pouco tempo a ocupariam.

Moradores relataram saques e tiroteios na capital, e um líder do Conselho das Cortes Islâmicas da Somália (CCIS) disse que suas principais autoridades haviam fugido. Os militantes islâmicos haviam tomado em junho a cidade das mãos de grupos armados apoiados pelos Estados Unidos.

Dinari disse que os militantes islâmicos fugiram para a cidade portuária de Kismayu, ao sul, e que o governo agora controla 95% do país, que fica no nordeste africano.

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O parlamentar disse posteriormente à Al-Jazeera que o governo havia declarado estado de emergência "para controlar a segurança e a estabilidade''.

O dirigente do CCIS disse que a apressada retirada de seus funcionários foi uma manobra tática na guerra iniciada na semana passada contra as tropas etíopes que protegem o frágil governo somali, que tem apoio ocidental.

O CCIS havia levado uma aparente estabilidade a Mogadíscio ao impor a sharia (lei islâmica). Agora, militantes e moradores disseram que a capital vive um colapso com a saída das autoridades islâmicas.

- Retiramos todos os líderes e membros que trabalhavam na capital - disse o dirigente islâmico xeque Sharif Ahmed à Al-Jazeera. - Mogadíscio agora está um caos.

Milícias pró-governo, que antes controlavam a cidade, disseram ter capturado vários prédios na madrugada de quinta-feira, inclusive o antigo palácio presidencial.

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- A incerteza paira no ar - disse o morador Muktar Abdi. - 'Meu maior temor é de que a capital sucumba à sua velha anarquia. O governo deve entrar agora e assumir; é a melhor chance antes de a cidade cair novamente nas mãos de líderes de milícias.

Ao fugirem, os militantes islâmicos aparentemente tentam evitar o risco de batalhas campais nas ruas, uma situação que há mais de dez anos obrigou os EUA a retirarem suas tropas de lá, depois do humilhante incidente retratado no filme "Falcão negro em perigo''.

Capital perigosa

Dinari disse que o presidente Abdullah Yusuf e o primeiro-ministro Ali Mohamed Gedi continuam em Baidoa, sua sede provisória no centro-sul do país, e que pretendem ir à capital assim que for possível.

Durante muito tempo, o governo considerou Mogadíscio perigosa demais, mas sua volta é importante para lhe garantir legitimidade, na 14ª tentativa de restaurar um poder central desde a deposição do ditador Siad Barre, em 1991.

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O governo manteve a promessa de anistia a todos os militantes islâmicos que depuserem suas armas, afirmou Dinari, segundo quem eles abriram seus arsenais antes de fugirem.

- Eles querem criar o caos - afirmou.

A Etiópia invadiu a Somália alegando que pretende se proteger dos militantes, que seriam apoiados pela Al-Qaeda e por sua arquiinimiga Eritréia.

O Conselho Consultivo dos Guerreiros, a principal organização de insurgentes sunitas do Iraque, da qual faz parte o grupo Al-Qaeda no Iraque, divulgou comunicado na internet pedindo apoio aos muçulmanos somalis, com dinheiro, armas e homens.

Já o CCIS diz que se trata de uma guerra santa contra os ''cruzados'' da cristã Etiópia, que tem um dos melhores exércitos da África. Seu líder, o xeque Ahmed, disse que não negociará com Adis Abeba enquanto a Somália estiver ocupada por tropas etíopes.

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