Tropas do governo da Somália abriram fogo contra civis famintos ontem na capital Mogadíscio, matando pelo menos 7 pessoas, quando grupos de pessoas desesperadas por alimentos entraram em choque com os soldados em um local de distribuição de alimentos enviados pelas Nações Unidas.
Testemunhas acusam soldados do governo de começarem o caos ao tentarem roubar rações de comida, enquanto voluntários tentavam manter as tropas fora do maior campo para refugiados famintos na capital somali. Refugiados começaram a entrar na confusão e os soldados abriram fogo, disseram as testemunhas. "Foi um massacre. Eles atiraram em todo mundo", disse Abdi Awale Nor, que vive no campo. "Os corpos dos mortos foram deixados no local e os feridos sangraram até morrer". "Caminhões foram atacados por uma multidão", disse David Orr, porta-voz do programa mundial de alimentação das Nações Unidas.
Outro refugiado, Muse Sheik Ali, disse que os soldados primeiro tentaram roubar alimentos, e que então os refugiados começaram a roubar. "Então os soldados abriram fogo contra os civis e 7 pessoas, incluindo idosos, foram mortas no local. Então os soldados saquearam a comida e as pessoas fugiram."
Dezenas de milhares de somalis famintos fugiram para a capital Mogadíscio, deixando as regiões do sul assoladas pela seca e pela fome. A seca e a fome já mataram 29 mil crianças na Somália nos últimos 90 dias, de acordo com estimativas do governo dos EUA. Mais de 12 milhões de pessoas passam fome atualmente na região do Chifre da África, não apenas na Somália como também na Etiópia e no Quênia. As Nações Unidas estimam que só na Somália 640 mil crianças estão desnutridas.