O Ministério do Interior do Egito deslocou ontem no Cairo cem unidades armadas com munição letal, para inibir as manifestações públicas contra a deposição do presidente islamita Mohammed Mursi.
Foi a primeira sexta-feira desde que o toque de recolher foi suspenso na capital egípcia, nesta semana. A restrição havia sido imposta em agosto, na sequência dos protestos violentos motivados pelo golpe de Estado. Sexta-feira é considerado o dia sagrado da semana para os muçulmanos.
As unidades, segundo a agência de notícias estatal Mena, serão enviadas a praças e mesquitas, locais tradicionais de aglomeração de islamitas na véspera de manifestações. A região de Rabia al-Adawiya, que havia se tornado símbolo da resistência ao golpe militar, foi fechada.
O governo egípcio também irá deslocar patrulhas de segurança nas ruas do Cairo e na região de Guisé, de acordo com fontes citadas pela agência.
As autoridades islamitas, perseguidas no Egito desde o golpe de 3 de julho, acusam a administração de transição de conduzir uma "farsa" no julgamento de Mursi, acusado de incitar a violência contra manifestantes. Ele voltará à Corte em janeiro.
Os seguidores da Irmandade Muçulmana, à qual o ex-presidente é ligado, culpam remanescentes do regime do ex-ditador Hosni Mubarak, deposto em 2011, pela atual crise política.
Nos últimos anos, tornou-se comum no país o termo "fuluul", que em árabe padrão se refere aos estilhaços produzidos por uma espada atingindo uma superfície mais rígida -mas, nas ruas do Cairo, passou a ser usado significando os resquícios de um regime.
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