A Corte Suprema da Somália retirou neste domingo (17) as acusações contra o jornalista somali Abdiaziz Abdinur Ibrahim, detido pelas autoridades do país há dois meses e condenado a um ano de prisão em fevereiro por entrevistar uma mulher somali que denunciou ter sido estuprada por um policial.
Segundo o juiz do Tribunal Supremo Aidid Ilka Hanaf, as acusações foram retiradas depois de um novo interrogatório ao jornalista acusado pelo procurador-geral de divulgar informação falsa e de insultar ao Governo.
"Chegou-se à conclusão que os investigadores iniciais não informaram bem o tribunal, por isso decidiu-se pôr Ibrahim em liberdade", afirmou Hanaf.
No dia 5 de fevereiro, um tribunal regional de Mogadíscio condenou o jornalista e a mulher, mãe de cinco filhos, que disse ter sido estuprada por um policial, a um ano de prisão por difamar uma instituição do Estado.
No entanto, houve recurso, e no último dia 3 o Tribunal de Apelações da capital somali liberou a mulher e rebaixou a pena de prisão do jornalista de um ano a seis meses.
O jornalista, um repórter freelancer que trabalhou para rádios locais e para a imprensa internacional, como o jornal britânico "Daily Telegraph", havia sido acusado de divulgar a entrevista com a mulher.
No entanto, o Sindicato Nacional de Jornalistas Somalis (NUSOJ), afirmou neste domingo (17) que a entrevista "não foi veiculada em nenhum meio".
Jornalistas da Somália e grupos defensores dos direitos humanos consideram que após o caso, as informações eram escondidas por motivações políticas.
Apesar dos avanços obtidos no ano passado no terreno político, com a escolha de um Parlamento, um presidente e um primeiro-ministro, que pôs fim no Executivo de transição, a Somália se encontra ainda imersa em um conflito armado.
Nele, as tropas da Missão da União Africana na Somália (AMISOM), o Exército local, as Forças Armadas etíopes e várias milícias governistas combatem os fundamentalistas islâmicos de Al Shabab, a milícia radical dominante desde 2006. O país vive em um estado de guerra civil e caos desde 1991, quando foi derrubado o ditador Mohammed Siad Barre, o que deixou o país sem um Governo medianamente efetivo.
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