Em um fim espetacular de sua histórica missão, a sonda europeia Rosetta chocou-se voluntariamente nesta sexta-feira (30) contra o cometa Churi (o 67P/Churiumov-Guerasimenko), “túmulo gelado” onde descansará depois de mais de 12 anos de odisseia espacial. Lançado em março de 2004, o equipamento, agora, ficará no mesmo lugar onde já se encontra seu robô Philae, inativo desde o ano passado por falta de energia. Philae foi o primeiro robô a pousar em um cometa.
“Posso confirmar a descida completa e bem sucedida”, declarou o chefe da missão, Patrick Martin, no centro de controle da Agência Espacial Europeia (ESA) em Darmstadt, Alemanha, anunciando, ao mesmo tempo, o fim da missão.
O fim da missão virou até roteiro para um pequeno conto relatado em forma de desenho animado. O vídeo, que traz no final a mensagem “Continua ...?” foi divulgado pela ESA no Twitter da missão. Veja o vídeo abaixo.
A sonda pioneira não foi concebida para pousar, mas os engenheiros da ESA fizeram de tudo para que o “impacto controlado” no cometa, depois de uma queda de 14 horas de uma altura de 19 km a 3,2 km/hora, fosse o mais suave possível.
A partir do momento do impacto, a Terra teve de esperar 40 minutos para ser informada por ondas de rádio pela sonda, que operou em piloto automático, antes de apagar para sempre todos seus circuitos.
“É como uma eutanásia cósmica”, afirmou, emocionado, Roger Bonnet, ex-diretor científico da ESA quando a sonda foi lançada.
Rosetta utilizou suas últimas forças para acumular a maior quantidade possível de imagens e dados científicos desta última missão. A maior parte dos instrumentos da sonda ficou conectado durante as últimas horas. Sua meta era fazer imagens de bem perto, registrar os gases e medir a temperatura de Churi e sua gravidade.
Agora, Rosetta não tem mais qualquer possibilidade de se comunicar com a Terra, já que não pode orientar sua antena principal, segundo Sylvain Lodiot, chefe de operações da ESA. A sonda posou uma zona situada na cabeça do cometa, onde há depressões circulares largas e profundas, e de onde saem jatos de gases e pó quando o corpo celeste se aproxima do Sol.
Missão
Rosetta faz parte da primeira missão da história planejada para explorar um cometa, com o objetivo principal de ajudar os cientistas a compreender a origem e evolução do Sistema Solar. As imagens e os dados coletados sobre a poeira e os gases que saem do cometa 67P são importantes para continuar avançando nesta compreensão.
A missão, que custou 1,4 bilhão de euros, permitiu recolher tantos dados que os cientistas ficarão ocupados durante décadas, segundo a ESA.
E as investigações feitas pela missão sobre como agem os corpos mais antigos do nosso Sistema Solar, os cometas, devem ser extremamente úteis par a ciência.
Os cometas, surgidos há 4,5 bilhões de anos, fazem parte dos objetos mais primitivos do sistema planetário. Segundo a ESA, há provas convincentes de que os cometas desempenharam um papel fundamental na evolução dos planetas. Acredita-se até mesmo que boa parte das águas do oceano tenha sido trazida por estes corpos celestes, que poderiam, inclusive, ter fornecido as moléculas orgânicas complexas que podem ter desempenhado um papel crucial na evolução da vida na Terra.
O cometa 67P atualmente está em direção à órbita de Júpiter. Continuará se afastando do Sol na sua trajetória elíptica, até cerca de 850 milhões de quilômetros de distância do nosso Astro Rei. E com ele seguirão os restos de Philae e da sonda Rosetta, que o escoltou desde agosto de 2014.
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