À esquerda, a candidata da "Esquerda Republicana da Catalunha", Marta Rovira. À direita, Ines Arrimadas, candidata de centro-direita do Partido Ciudadano (Cidadãos)| Foto: JOSEP LAGOAFP

As eleições regionais catalãs de quinta-feira (21), convocadas pelo governo central após a declaração de independência desse território, terminaram sem vencedores claros. Com isso, prolongaram a instabilidade que já afugentou mais de 3.000 empresas desde 1° de outubro. 

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A sondagem divulgada pelo jornal "La Vanguardia" às 20h locais (às 17h em Brasília) dá a vitória ao partido de centro-direita Cidadãos, contrário à independência, com de 34 a 37 assentos. 

Em segundo lugar aparece a separatista Esquerda Republicana, com de 34 a 36 cadeiras. O Juntos pela Catalunha, do ex-presidente catalão Carles Puigdemont, também independentista, teria de 28 a 29 assentos, segundo essa sondagem. 

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Nenhuma força política terá a maioria necessária para governar sozinha: 68 assentos em um Parlamento de 135 deputados. A formação do governo, portanto, dependerá de alianças. 

As fragmentadas forças políticas catalãs estão divididas em dois blocos. Os que querem a independência são chamados "separatistas", enquanto os alinhados a Madri se dizem "constitucionalistas" -pois a Constituição espanhola não prevê a secessão dos territórios. 

O Parlamento deve ser formalmente constituído até 23 de janeiro. A partir dessa data há uma série de prazos para que legisladores elejam o presidente regional. Se nenhum candidato for aprovado pelos deputados até 7 de abril, novas eleições devem ser realizadas. 

Agravando o incerteza, o próximo Parlamento catalão provavelmente irá contar com cinco deputados fora do país, incluindo o ex-presidente Carles Puigdemont, e três detidos. Não está claro, por exemplo, como eles assumirão seus assentos ou se poderão de fato legislar. 

Dos 5,5 milhões de eleitores catalães, 84% participaram do pleito de quinta, segundo as primeiras projeções. A taxa é recorde. Em 2015, data da última eleição catalã, foram 74,9%. Os cidadãos no exterior, que votaram antes, compareceram 81% mais do que em 2015. 

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Independência 

As eleições foram convocadas pelo primeiro-ministro conservador espanhol, Mariano Rajoy, do Partido Popular, depois do plebiscito separatista de 1° de outubro, que teve a participação de 43% do eleitorado e 90% dos votos no "sim", e da declaração de independência catalã. 

Dada a importância política do resultado, essas foram as eleições regionais espanholas mais acompanhadas na história local. Mais de 65 mil pessoas estiveram envolvidas no processo, incluindo os 20 mil voluntários dos partidos que fiscalizaram o voto e a contagem. 

"Há muita coisa em jogo", afirmou à reportagem Francisco Segovia, que veio de Cádis, no sul da Espanha, como voluntário do partido de centro-direita Cidadãos. "Estas eleições não são só sobre a Catalunha, mas também sobre a Espanha e a Europa como nós a conhecemos." 

Apesar de toda a expectativa, não havia nenhuma movimentação excepcional nas ruas de Barcelona, em contraste com os protestos e embates que marcaram os episódios mais recentes da crise separatista catalã. Eram poucos os cartazes de campanha, por exemplo. 

Nas filas dos locais de voto visitados pela reportagem, tampouco se repetiam as imagens de manifestantes enrolados em bandeiras separatistas ou entoando seus cânticos políticos. 

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As únicas demonstrações óbvias eram as fitinhas amarelas na lapela de separatistas, pedindo a liberdade dos políticos detidos desde o referendo de 1° de outubro. "É impensável que eles tenham feito campanha sem ter sua liberdade", afirma a eleitora Magnolia Alvarez. 

Contexto 

A crise separatista marca as relações entre o governo central e a administração regional desde 2006, quando catalães aprovaram seu estatuto de autonomia. O texto, conhecido como "estatut" em catalão, definiu a região como "nação", o que levou a atritos com Madri. 

A Catalunha já possui uma autonomia relativa, com seu próprio Parlamento e uma polícia regional, os Mossos d'Esquadra, mas o movimento separatista pede a independência total. 

A questão se tornou urgente quando catalães votaram no plebiscito de 1° de outubro, considerado ilegal pela Justiça espanhola. Houve embates entre eleitores e as forças de segurança espanholas. O governo regional fala em quase 900 feridos, o que Madri contesta. 

O Parlamento catalão declarou sua independência de maneira unilateral em 27 de outubro. Em resposta, o governo de Mariano Rajoy destituiu o governo local, convocou as eleições desta quinta-feira (21) e acusou a liderança catalã de crimes como sublevação e rebelião.

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