Nos últimos anos, o bilionário progressista George Soros tem desempenhado um papel significativo na transformação do sistema de justiça dos Estados Unidos. De acordo com um relatório divulgado no início de agosto pela organização conservadora Media Research Center (MRC), Soros, junto com seu filho e herdeiro, Alex, investiu mais de US$ 117 milhões (R$ 660 milhões) para financiar a eleição e a estruturação de promotores progressistas em diversas jurisdições americanas. Atualmente, conforme o documento da MRC, cerca de 30% do território americano é representado por membros do Ministério Público que receberam apoio financeiro de Soros.
Nos EUA, uma grande parte dos promotores distritais chegam ao seus cargos por meio de eleições e também são membros de algum partido político. Nesse sentido, a influência do bilionário sobre esses promotores vai muito além do simples financiamento eleitoral. Segundo o relatório da MRC, Soros tem utilizado uma rede complexa que envolve cerca de 20 ONGs progressistas para manter um controle rigoroso sobre as ações de promotores que apoia, mesmo após a disputa eleitoral. O documento aponta que, ao ganharem as eleições e chegarem a seus postos, esses promotores passam a ter suas políticas moldadas de acordo com a agenda ideológica do bilionário, que inclui, entre diversas outras coisas, a defesa do aborto, penas mais brandas para criminosos e a legalização das drogas.
A MRC disse que teve acesso a 7.785 documentos que demonstram como Soros exerce seu controle sobre os promotores progressistas que ajuda a eleger. O relatório cita que ONGs como a Fair and Just Prosecution (FJP), Prosecutors Alliance of California e a Vera Institute - todas defensoras da reforma do sistema de justiça criminal dos EUA -, financiadas pela Open Society Foundations de Soros, desempenham um papel crucial nesse controle. É por meio delas que o bilionário passa a maior parte de suas orientações e comandos aos promotores que chegaram aos cargos amparados pelo dinheiro de sua entidade.
O relatório da MRC diz que a FJP, em particular, tem sido responsável por organizar a maior parte das reuniões descritas como “regulares e obrigatórias” com promotores progressistas que foram eleitos sob influência e financiamento de Soros. Nessas reuniões, são discutidas estratégias e políticas que os promotores devem seguir ao longo de seus mandatos. De acordo com o documento, esses encontros são mais do que simples reuniões de alinhamento; são “momentos de imposição de uma agenda que visa transformar o sistema de justiça americano segundo os princípios progressistas defendidos por Soros”.
A MRC diz que a influência de Soros por meio dessas ONGs sobre os promotores se estende para além das orientações políticas. O relatório destaca que, em muitas ocasiões, eles são orientados a não aplicar certas leis existentes nos EUA que contradizem a agenda progressista promovida pelo bilionário.
Segundo o relatório, tal prática tem sido descrita como uma forma de “veto processual”, em que promotores se recusam a processar crimes relacionados a questões como imigração ilegal, posse de drogas, ou infrações consideradas como “menores”, em consonância com uma visão de justiça criminal mais leniente e reformista defendida pelo bilionário. Segundo a MRC, essa abordagem tem gerado críticas intensas de diversos setores da sociedade americana, sob o argumento de que o “comportamento compromete a aplicação imparcial da lei e incentiva a impunidade”.
Controle da narrativa
Além de influenciar diretamente as decisões políticas dos promotores por meio dessas ONGs, Soros e seu filho também têm atuado para tentar controlar a narrativa pública em torno das ações que são tomadas por eles, revelou o relatório da MRC.
Empresas de consultoria política e campanhas de mídia, de acordo com o documento, são frequentemente contratadas pelas ONGs sob financiamento da Open Society para tentar “moldar a percepção pública” e apresentar os promotores progressistas nos meios de comunicação como os “defensores de uma justiça mais equitativa”.
Conforme explicou a MRC, as campanhas promovidas por essas empresas, a pedido dessas ONGs, incluem desde a produção de comunicados de imprensa até a elaboração de campanhas para serem divulgadas nas redes sociais, todas “cuidadosamente planejadas” para manter uma imagem pública favorável aos promotores apoiados pelo bilionário, mesmo diante de críticas ou resultados negativos, como o aumento da criminalidade em certas áreas onde esses promotores atuam.
A cidade de Chicago, localizada no condado de Cook, no estado americano de Illinois, é um exemplo do resultado da presença de promotores apoiados por Soros. Em 2021, a cidade enfrentou o maior número de homicídios registrados desde 1994. Além disso, informações do Departamento de Polícia de Chicago apontam que os roubos de veículos na cidade subiram 139% nos últimos três anos, passando de 9 mil em 2019 para mais de 21 mil somente em 2022. A promotora do condado de Cook atualmente é Kim Foxx, do Partido Democrata. Ela recebeu durante sua campanha em 2020 US$ 2 milhões em financiamento pagos por George Soros por meio de suas instituições progressistas.
“Microgestão”
Um aspecto curioso do controle realizado por Soros, segundo o relatório da MRC, é o nível de microgestão exercido sobre esses promotores. As reuniões e diretrizes realizadas por meio das ONGs progressistas, afirma a MRC no documento, frequentemente incluem instruções detalhadas sobre como os promotores devem proceder em casos específicos, como os relacionados a crimes de menor grau, deixando pouco espaço para a autonomia ou para a consideração das particularidades de cada caso, que muitas vezes deveriam ser analisados com profundidade.
Nos últimos anos, esse controle rígido tem sido reforçado por uma rede de apoio que inclui desde assistência jurídica prestada pelas organizações ligadas a Soros até campanhas políticas coordenadas, todas projetadas para manter os promotores alinhados com a agenda do bilionário.
Segundo a MRC, Soros também influencia diretamente nas contratações e demissões que ocorrem dentro dos gabinetes desses promotores. De acordo com o relatório, as organizações financiadas por ele, como a FJP, não apenas definem políticas, mas são responsáveis por colocar funcionários estratégicos em cargos chave dentro do gabinete dos promotores. Isso inclui a oferta de cargos para alunos recém-formados em direito que participaram de programas de desenvolvimento patrocinados pela FJP, que tem moldado a próxima geração de promotores alinhados com a visão de Soros para o sistema de justiça dos EUA.
A rede de controle se estende até mesmo à forma como esses promotores interagem com outras instituições de governo americano. Os documentos analisados pela MRC revelam que os promotores financiados por Soros têm trabalhado em estreita colaboração com congressistas estaduais e nacionais para pressionar por mudanças em leis estaduais e federais que promovam políticas que, por exemplo, eliminem a pena de morte, reduzam a fiança em dinheiro e limitem a colaboração entre as autoridades nacionais e estaduais em questões relacionadas à imigração. Essa cooperação muitas vezes, segundo a MRC, envolve uma troca direta de favores e a promessa de apoio político mútuo, ampliando ainda mais a influência de Soros sobre o cenário político americano.