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Gisele Pelicot e sua filha Caroline Darian falam com a imprensa após deixarem o tribunal criminal em Avignon, França
Gisele Pelicot e sua filha Caroline Darian falam com a imprensa após deixarem o tribunal criminal em Avignon, França| Foto: EFE/EPA/GUILLAUME HORCAJUELO

Dominique Pelicot admitiu nesta terça-feira (17) que é um estuprador, assim como os outros réus no julgamento na cidade francesa de Avignon no qual é acusado de drogar a esposa por quase dez anos para oferecê-la a dezenas de homens que também abusaram sexualmente dela.

"Eu sou um estuprador, como todos os réus neste tribunal, que sabiam da condição dela quando vieram", disse ele, referindo-se ao fato de que os outros homens sabiam que sua esposa, Gisèle Pelicot, estava em um estado de inconsciência por causa dos ansiolíticos que dava a ela.

No depoimento, o ex-marido reconheceu os fatos dos quais é acusado "em sua totalidade".

"Ela não merecia isso", enfatizou em referência à sua ex-esposa (o divórcio foi formalizado em agosto), depois de insistir que os outros 50 homens sentados no banco dos réus ao lado dele estavam cientes de seus procedimentos e "não podem dizer o contrário".

Alguns desses réus alegam que não sabiam que Gisèle Pelicot estava inconsciente, sob o efeito de ansiolíticos, quando tiveram relações sexuais com ela, e pensaram que tudo fazia parte das fantasias sexuais compartilhadas pelo casal e que, portanto, haveria consentimento de ambos.

Ela alegou, por sua vez, em uma reação a essa primeira declaração de Dominique Pelicot, que nos 50 anos em que viveu com o então marido não conseguia imaginá-lo sendo um estuprador, que não duvidava dele "nem por um segundo" e que tinha confiança nele.

"Durante 50 anos, vivi com um homem que eu não imaginava que pudesse cometer esses atos de estupro. Ele está ciente desses atos de estupro, mas eu não duvidei desse homem nem por um segundo. Eu tinha total confiança nele. Por 50 anos, eu amei esse homem, apesar de algumas fases", comentou Gisèle.

O principal acusado disse que nunca considerou a "esposa como um objeto, mas infelizmente os vídeos mostram o contrário".

Depois de ser preso em setembro de 2020 por filmar mulheres por baixo das saias em um supermercado na cidade de Carpentras, os investigadores que vasculharam sua casa encontraram em um disco rígido centenas de vídeos e fotos que ele havia feito durante as sessões de abuso sexual de sua esposa drogada, para as quais ele convidou dezenas de homens.

Foram esses vídeos e fotos que levaram à identificação de mais de 50 homens, 49 dos quais estão sendo julgados no processo que começou em 2 de setembro e no qual cada um deles pode ser condenado a 20 anos de prisão por estupro qualificado.

Dominique Pelicot lembrou que "graças a esses vídeos, foi possível descobrir quem participou" e, em seguida, olhou para os outros réus. Além disso, ressaltou que guardou os arquivos justamente para manter um registro desses participantes, pelo prazer de assisti-los e pelo "vício".

Esse primeiro depoimento de Dominique Pelicot havia sido adiado por uma semana devido ao seu estado de saúde e levou à suspensão das sessões de julgamento na última sexta-feira e ontem, segunda-feira.

Uma equipe de dois médicos que o examinou a pedido do presidente do Tribunal Criminal de Vaucluse, Roger Arata, determinou que o principal acusado estava apto a comparecer ao julgamento desta terça-feira, mas com várias adaptações, como pausas de 15 a 20 minutos a cada 90 de declaração.

De acordo com a advogada do réu, Béatrice Zavarro, foi constatado que Dominique Pelicot tem uma pedra na bexiga e sofre de infecção renal. (Com Agência EFE)

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