Considerado o principal estrategista da campanha de Donald Trump em 2016, Steve Bannon foi preso nesta quinta-feira (20), em Nova York, acusado de fraude por enganar doadores de uma campanha online de arrecadação de fundos para construir um muro na fronteira EUA-México, conhecida como We Build The Wall.
Os advogados de Bannon foram rápido. Eles fecharam um acordo para libertá-lo em troca de uma fiança de US$ 5 milhões, segundo a agência Reuters e o canal NBC.
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A acusação alega que Bannon recebeu mais de US$ 1 milhão e que usou esse dinheiro para despesas pessoais. Outras três pessoas foram presas.
Bannon é tido como o principal estrategista da campanha de Trump, responsável pela retórica nacionalista que deu a vitória do candidato republicano. Só que o seu nome e influência vão muito além da disputa pela Casa Branca.
Ele foi conselheiro da Cambridge Analytica, consultoria acusada de fornecer dados de milhões de usuários do Facebook para influenciar as eleições presidenciais dos EUA. Em 2017, um ano após as eleições americanas, saiu do governo Trump. O presidente americano chegou a dizer que seu ex-aliado tinha “perdido a cabeça”
Considerado um dos fomentadores dessa onda nacionalista de direita no mundo, Steve Bannon aposta no que chama de guerra cultural nos campos ideológico e político. É defensor da ideia de que o populismo é o futuro da política. Segundo ele, o populismo de direita que foca no nacionalismo coloca o país em primeiro lugar.
É criador do “Movimento”, um grupo focado em promover esse conservadorismo populista em vários países, inclusive o Brasil.
Steve Bannon tornou uma espécie de assessor informal da família Bolsonaro. Tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto seus filhos se reuniram com o ex-assessor de Trump em viagens aos EUA. O deputado federal Eduardo Bolsonaro chegou a liderar o Movimento no Brasil.
Bannon também manteve contato com Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, com quem discutiu detalhes sobre o discurso que Bolsonaro faria na Assembleia-Geral da ONU dias depois.
Muitos especialistas creditam a guerra entre EUA e China como um dos frutos da eminência parda de Steve Bannon. Ele chegou a afirmar que o país asiático era a “maior ameaça econômica e de segurança nacional que os EUA já enfrentaram”, uma retórica bem parecida da adotada por Trump.