Estudo realizado por cientistas da Universidade de Maastrich, na Holanda, e publicado na revista científica "Cell Metabolism" comprova que o consumo de suplementos feitos à base de resverastrol, substância encontrada na casca da uva, pode reduzir os níveis de açúcar e de gordura no sangue, além de baixar a pressão arterial.
A experiência holandesa acompanhou um grupo de homens obesos que aceitaram tomar cápsulas contendo resveratrol purificado. Os pesquisadores descobriram, após algum tempo, que os voluntários apresentavam alguns efeitos metabólicos semelhantes aos de quem faz dieta de restrição de calorias. Entre os benefícios estavam a redução da pressão arterial e dos níveis de açúcar no sangue.
Pesquisas realizadas em animais na última década também sugeriram que o composto de resveratrol pode retardar o desenvolvimento de doenças relacionadas à idade e, portanto, aumentar a longevidade. No entanto, esses estudos têm atraído cada vez mais críticas de especialistas, porque as conclusões são ainda modestas quando replicados em seres humanos.
"Os efeitos do resveratrol foram moderados, mas eles sempre apontam para adaptações metabólicas benéficas; especialmente em grupos que estão acima do peso", avaliou o professor Patrick Schrauwen da Universidade de Maastricht, na Holanda, que liderou o novo estudo.
Embora a substância seja encontrada naturalmente na casca da uva e no vinho tinto, não há ainda uma indicação de qual a quantidade certa da bebida para obter efeitos benéficos. Muitas pesquisas apontam que o ideal é consumir até dois copos de vinho tinto por dia, como prevenção de doenças coronarianas, mas não há uma indicação precisa sobre a quantidade de resveratrol, afirmam médicos.
O professor Schrauwen e seus colegas acompanharam um grupo de homens obesos que tomaram um suplemento resveratrol diário com 150mg, ou placebo, durante 30 dias. Quatro semanas mais tarde, os dois grupos trocaram de método com orientação médica, de forma que aqueles que tomaram os suplementos na primeira rodada receberam placebos na segunda, e vice-versa.
Medições regulares da corrente sanguínea mostraram que o resveratrol reduziu os níveis de açúcar no sangue e melhorou a sensibilidade à insulina, bem como promoveu o corte de triglicerideos - gorduras encontradas no sangue, que aumentam o risco de doença cardíaca. O resveratrol também reduziu a pressão arterial. Também o gasto de energia com o organismo em repouso aumentou.
Pesquisas anteriores mostraram também que a restrição calórica estende a expectativa de vida em animais de laboratório. Alguns estudos sugerem que o resveratrol oferece proteção contra doenças como doenças cardiovasculares e para diabetes tipo 2, a mais comum em adultos acima do peso. A restrição calórica funciona de forma semelhante ao resveratrol, por desencadear a produção de uma proteína chamada SIRT1, que melhora a função metabólica e mantém as células saudáveis em períodos de estresse.
Biópsias musculares realizadas pela equipe do professor Schrauwen confirmaram que os participantes tomando resveratrol aumentaram os níveis de SIRT1. Houve também efeitos benéficos sobre o metabolismo, associados com o melhor funcionamento das mitocôndrias, as fábricas de energia dentro das células.
"Os organismos de pessoas saudáveis fazem trocas eficientes para usar a gordura como fonte de energia, quando a glicose no sangue torna-se indisponível", comenta o professor Schrauwen. "Os resultados do estudo piloto sugerem que esta troca poderia ser parte dos efeitos benéficos à saúde do resveratrol".
O médico holandês está disposto a ampliar seu estudo. "O estudo atual ainda é pequeno, mas os resultados são tão promissores que eu acho que é importante que realizar um trabalho científico mais amplo".
Deixe sua opinião