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Sudão do Sul denuncia novos bombardeios e diz que Sudão declarou guerra

Soldado do Exército do Sudão do Sul observa armamento de guerra na fronteira com o Sudão, onde os conflitos entre os dois países aumentaram nos últimos dias | Goran Tomasevic/Reuters
Soldado do Exército do Sudão do Sul observa armamento de guerra na fronteira com o Sudão, onde os conflitos entre os dois países aumentaram nos últimos dias (Foto: Goran Tomasevic/Reuters)

A aviação do Sudão bombardeou durante a noite várias regiões petrolíferas limítrofes com o Sudão do Sul, afirmou nesta terça-feira (24) o governador do Estado fronteiriço de Unidade, no momento em que o presidente sul-sudanês Salva Kiir assegurou que Cartum "declarou guerra" ao seu país.

Os aviões sudaneses bombardearam as localidades de Panakwach e Lalop, situadas em território sul-sudanês, e o posto fronteiriço de Teshwin, uma zona em litígio, onde nos últimos dias ocorreram combates entre as forças armadas dos dois países, afirmou o governador Taban Deng.

Os Estados Unidos condenaram energicamente a incursão aérea e pediu a ambos os governos que estabeleçam de imediato um cessar das hostilidades e a retomada de negociações.

"Condenamos firmemente a incursão militar do Sudão no Sudão do Sul. O Sudão deve deter imediatamente o bombardeio aéreo e de artilharia no Sudão do Sul", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

Os bombardeios continuaram até a madrugada desta terça-feira, acrescentou Deng, informando que os ataques mais intensos foram registrados a 25 km da linha de frente.

"Há feridos que foram evacuados ao hospital de Benitiu. Alguns são fazendeiros, outros soldados", disse o governador.

O presidente sul-sudanês se encontrava em visita a Pequim, onde indicou ao presidente chinês Hu Jintao que sua visita "ocorre em um momento crítico para a República do Sudão do Sul, já que nosso vizinho de Cartum declarou guerra" ao nosso país.

Efeito positivo

A visita à China de Kiir pode ter um efeito positivo devido aos investimentos de Pequim na região, que obrigam as autoridades do gigante asiático a tentar acalmar os ânimos entre os dois países.

Durante a noite, o Sudão havia acusado o Sudão do Sul de querer "minar sua estabilidade" ao manter seu apoio aos rebeldes em seu território.

"O governo do Sudão do Sul não respondeu aos chamados reiterados da comunidade internacional e mantém suas atividades hostis para minar a estabilidade e a segurança do Sudão", denunciou na segunda-feira à noite o ministério sudanês das Relações Exteriores em um comunicado publicado pela agência oficial Suna.

O Sudão acusa de forma regular Juba de apoiar os movimentos rebeldes que operam na região de Darfur (oeste), castigada por uma guerra civil, assim como nos Estados fronteiriços de Nil Bleu e de Cordofão do Sul, algo que seu vizinho desmente.

O ministério também fez referência à cidade de Talodi, em Cordofão do Sul, cujo controle afirmam ter tomado parcialmente no domingo à noite os rebeldes do ramo Norte do Movimento Popular de Libertação do Sudão (SPLM-N).

Os insurgentes atacaram esta cidade por vários dias no início de abril, antes que as tropas governamentais retomassem o controle.

O ministério das Relações Exteriores ressaltou que as forças armadas recorreriam ao "seu direito de auto-defesa" e "perseguiriam os agressores não importa onde estivessem".

Negociação

Na segunda-feira, o presidente sudanês, Omar al-Bashir, havia afirmado que não negociaria com o Sudão do Sul, celebrando a reconquista da zona petroleira de Heglig sobre seu vizinho.

"Não se negocia com esta gente", havia declarado Bashir. "Com eles, negociamos com fuzis e balas", havia acrescentado, três dias depois de ter anunciado triunfalmente que suas forças expulsaram o exército do Sudão do Sul de Heglig, ocupada por 10 dias.

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